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Quadro que emociona

Da janela de um prédio, no 2º pavimento, observei um panorama que jamais imaginei ver

João Eurípedes Sabino
Publicado em 25/09/2015 às 19:30Atualizado em 16/12/2022 às 22:08
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Da janela de um prédio, no 2º pavimento, observei um panorama que jamais imaginei ver. Como se estivesse filmando em câmara lenta, reuni em meu campo visual alguns pontos ligados a mim, que vou descrever. O meu “mirante” estava no segundo quarteirão da av. Guilherme Ferreira, no sentido centro bairro e a “tela” observada era o início do bairro Abadia.

Girando vagarosamente da direita para a esquerda enxerguei o lombo da rua Quinca Vaz, onde eu, com cinco anos de idade, estava numa charrete com meu avô paterno, João Sabino da Silva. A égua Garoa, uma Manga-larga Marchador tordilha, escorregou nos paralelepípedos e o meu herói saltou na chuva e comandou o animal com maestria. Todas as vezes que passo por ali, é impossível não ver a cena.

Um pouco mais acima, vejo os edifícios: Residencial Thomaz Rossi, De Lucas e dos Institutos da UFTM, prédios esses construídos por amigos meus. Correndo mais as vistas, vi as copas das árvores situadas na praça Dr. Thomaz Ulhoa, este, um dos destacados médicos e benfeitores de Uberaba. Na silhueta da paisagem focalizei o topo da capela do Colégio N. S. das Dores, em cujo telhado meu avô materno, Olímpio Felippe de Araújo, quando criança subia amarrado em cordas para levar telhas francesas que até hoje lá se encontram. No cantinho esquerdo inferior do quadro estava a igreja de Santa Rita, cuja restauração me motivou a escrever a crônica “Telhado arrancado”. Tenho uma telha feita nas coxas de escravos, para contar a história.

O azul do céu me permitiu captar a linguagem do Criador.

Do outro lado da avenida mirei a antiga Escola de Engenharia do Triângulo Mineiro, casa de ciências criada por Mário Palmério, onde me formei há 40 anos. Já quase de frente estavam uma financeira e o Edifício Dubai. Para serem construídos, a antiga edificação ali existente passou por perícia pela qual fui o responsável. Na sequência e no mesmo plano postam-se lado a lado um templo evangélico e uma farmácia de manipulação, esta última situada onde outrora foi residência. Há décadas um conflito de vizinhança ali me permitiu ver que a contrariedade realmente mata.

Frente a frente vi o prédio onde estão os consultórios dos médicos Djalma Antônio Abrão e José Arruda Mendes Júnior. O primeiro acompanhou a gestação de dois dos nossos filhos e, o segundo, cuidou-lhes da saúde.

Aquele que ama sua cidade tem um ou vários quadros que lhe emociona. Basta olhá-los com profundidade. Este é o meu caso.

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