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Balada da Neve

Na tocante poesia Balada da Neve (Augusto Gil), ao observar, na neve, os traços miniaturais...

Mário Salvador
Publicado em 15/09/2015 às 20:34Atualizado em 16/12/2022 às 22:17
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Na tocante poesia Balada da Neve (Augusto Gil), ao observar, na neve, “os traços miniaturais/ duns pezitos de criança...”, o poeta clama ao Senhor: “Que quem já é pecador/ sofra tormentos, enfim!/ Mas as crianças, Senhor,/ por que lhes dais tanta dor?!.../ Por que padecem assim?!...”

O que escreveria esse poeta português se tivesse visto o corpinho do sírio Aylan Kurdi, de 3 anos, lançado pelas águas do Mar Mediterrâneo nas areias da cidade turca Bodrum? A foto impressiona, marca acintosamente nosso pensamento. Aylan fugia da Síria, berço de atrocidades de uma guerra sangrenta, com a família, em busca da paz que ele nunca conheceu. Aylan, sua mãe e seu irmão morreram em naufrágio quando buscavam proteção em algum país, como refugiados. Salvou-se o pai, que não havia medido esforços para manter viva a família.

A foto, que banhou o mundo, abrandou corações empedernidos de dirigentes de países ricos, que podem acolher refugiados de guerra. Parece que foi há pouco o início das notícias dos conflitos no Oriente Médi “Nesta primeira semana de combate (anunciaram os jornais), já morreram cem pessoas...” Agora é impossível determinar o número de mortos ou o dos que deixaram o país em busca da paz.

Homens se tornam bestas-feras ao lutar pelo poder. Cruel também foi a cinegrafista húngara Petra Laszlo que, depois de derrubar, com uma rasteira, um homem que carregava uma criança no colo, deu socos noutra criança. Câmeras registraram a barbárie e a cinegrafista perdeu o emprego.

A foto de Aylan, de bruços na praia, comove; sacode corações. Se, por algum tempo, países fecharam fronteiras aos refugiados, agora já os recebem: aplaudem-nos, oferecem-lhes comida, agasalho, roupas, um lugar onde morar. Talvez Aylan, agora símbolo da tragédia dos refugiados do Oriente Médio, não tenha morrido em vão. Talvez, enfim, o mundo tenha se sensibilizado com a tragédia dos refugiados e cumpra seu dever de amparar o próximo, assim como Deus nos ensinou.

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