Fato recente envolvendo a presidente Dilma no Palácio do Planalto fez-me relembrar do delicioso livro 350 Histórias do Folclore Político, em que o jornalista Sebastião Nery narra seus momentos junto a conceituadas figuras da política tupiniquim. Achei que eu havia lido ali a respeito de acontecimento semelhante vivido por Juscelino e deliciei-me relendo o livro.
O fato a que me refiro é o seguinte: Diz a história que JK foi recebido com vaias por estudantes, num congresso da UNE. Aguardou até as vozes se acalmarem e, quebrando o protocolo, declarou: “Feliz é o povo que pode vaiar seu Presidente!”. A esperta tirada política atingiu os objetivos: JK recebeu imediatamente os aplausos daqueles mesmos estudantes. Com sabedoria, ele tornou aliado um momento antes desfavorável.
A Presidente recebeu, no Palácio, os atletas paralímpicos, que deram ao Brasil o primeiríssimo lugar no Pan do Canadá. Entretanto, quando se dirigia ao palco, foi barrada por um membro do protocolo (imaginem!), que priorizou a passagem dos cadeirantes. Sem sangue político nas veias, ela, nervosa, alterou a voz, destratando o funcionário. Se tivesse jogo de cintura, talvez agradecesse a ele, ao microfone, pelo alerta, fato que alcançaria repercussão internacional.
Ao contrário do presidente Lula, que declara, com orgulho, nunca ter lido um livro, a Presidente, como boa leitora que é, poderia se valer de obras que narrem atitudes positivas de outros estadistas e se espelhar neles para conquistar (ou reconquistar) os brasileiros.
Mário Salvador
Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro