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Lembro-me de um debate entre candidatos a Presidente da República em 1989

Márcia Moreno Campos
Publicado em 06/09/2015 às 12:20Atualizado em 16/12/2022 às 22:25
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Lembro-me de um debate entre candidatos a Presidente da República em 1989, em que Cristóvão Buarque, ao responder a uma pergunta, disse que “usar dinheiro público para obras não essenciais era uma forma de corrupção”. Nunca me esqueci disso, porque concordei totalmente com ele. Sabemos que os gestores dos recursos públicos, eleitos por nós, têm como missão aplicar da melhor forma possível o dinheiro arrecadado através dos impostos. Precisam ser eficientes administradores para alocar esses recursos de forma eficaz a fim de atender as demandas da população, seus eleitores. Pura utopia! A realidade difere muito do ideal. Desde sempre, o que vemos são obras desnecessárias e superfaturadas, verdadeiros “elefantes brancos”, erguidas apenas para lustrar o ego dos que estão no Poder, e facilitar o desvio de recursos em proveito próprio e político. O que faz um presidente optar por sediar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada, quando as escolas públicas em sua maioria estão caindo aos pedaços, os hospitais são insuficientes em número e quantidade de equipamentos, os salários dos professores é desalentador e tantas outras carências saltam aos olhos do povo? Quanta vaidade! Quanto descaso com a vida do ser humano! Quem viaja pelo Brasil é um herói porque sair vivo de nossas estradas precárias, sem sinalização adequada que garanta a segurança, é por si só uma vitória. Obras importantes que não trazem visibilidade, nem dinheiro suficiente para desvios, são relegadas. Priorizam construção de aquários gigantes em cidades pobres do Nordeste, que nem são concluídos, e plataforma de lançamento de foguetes em Alcântara, no Maranhão, onde depois de se gastar bilhões, o governo federal decide paralisar a obra. Mais um esqueleto erguido com o sacrifício do povo.

Como não se sensibilizar com as filas nos hospitais, com mortes precoces por falta de atendimento imediato, com adiamento de tratamentos de saúde urgentes, porque os aparelhos estão quebrados, e com a falta de segurança nas ruas? E como não se revoltar quando mesmo diante de tudo isso, a Presidente do país, gasta em um só dia de visita aos Estados Unidos, 100 mil dólares com a locomoção de sua comitiva? Fico estarrecida.

Sem dúvida, devemos olhar sempre como um gestor do dinheiro público aplica os recursos durante sua gestão, pois só assim poderemos julgá-lo pelos seus atos, responsabilizando-o pelo que foi feito e pelo o que poderia ter sido feito com os mesmos recursos. Sabemos que o povo precisa de pão e de circo, mas nessa ordem.

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