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Caridade, assistencialismo e ação social

Karim Abud Mauad
Publicado em 31/08/2015 às 09:52Atualizado em 16/12/2022 às 22:31
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 Caridade, assistencialismo e ação social

Estamos vivendo um momento de grande turbulência na Economia Nacional, isto já não é mais novidade nem para a Presidente Dilma, que admitiu publicamente a dificuldade de reconhecimento da crise, ainda em 2014.

Evento sobre a necessidade de melhoria da distribuição dos recursos arrecadados entre governos federal, estadual e municipal, ocorreu em nossa cidade nesta sexta -feira, 28/08/2015, reunindo prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, deputado estadual e federal de Uberaba e Região, na Câmara Municipal e restou evidenciado a necessidade de mobilização das lideranças políticas, com o apoio da população, para pressionar congresso e executivo para votar e liberar mais recursos para as cidades, que de fato é onde ocorre a vida cotidiana do cidadão.

Inclusive, me chamou atenção a proposta de uma ida à Brasília com os prefeitos liderando uma marcha com as patrolas doadas pelo governo federal por absoluta falta de recursos para combustível, salário para operador e manutenção destes equipamentos nas cidades, onde faltam medicamentos, salários dignos para médicos, professores, engenheiros e, claro, uma preocupação enorme com o pagamento do 13° salário do funcionalismo como um todo, sendo que a maioria já se preocupava com dinheiro para a folha de agosto a ser paga em setembro.

E me chamou a atenção pelo fato de ser esta uma preocupação recorrente com todos os prefeitos, independente de cor partidária, aliás, neste ponto, todas as falas remetiam os desavisados a entender que no local só havia prefeitos de oposição aos atuais governos estadual e federal, um contrassenso! Novos e difíceis tempos, tempo de crise e carestia, em um ano que faz recordar o ano de 1990, quando o governo Collor (olha ele aí de novo!), e sua fiel escudeira Zélia, retiraram os recursos financeiros de circulação na economia. Foi um caos até a retomada e a reorganização da rotina dos brasileiros. Os negócios pararam atordoados pela radical retirada desses recursos para o combate à inflação. A sensação atual é a mesma, com 4 brasileiros sendo demitidos por minuto, segundo estatísticas. O PIB encolheu de forma dramática no segundo trimestre.

Para nós economistas, o pior está por vir e este discurso voltou a unir oposição e situação no BRASIL, contra a proposta de ressuscitar a CPMF, o famoso imposto do cheque, com outro nome e com a desculpa de uso para a saúde. Filme antigo. Parece que a “Presidenta” deve recuar, verbo comum no dicionário dos atuais governantes.

O país é o único no mundo, entre os países de economia organizada, que tenta combater a crise econômica com juros tão elevados e carga tributária em percentuais estratosféricos, insistindo permanentemente em aumentar os dois para controlar a inflação e fazer caixa, sem se importar em matar as galinhas dos ovos de ouro, os empresários, independente de seus portes ou ramos de atuação, com exceção do setor bancário e automobilístico.

O dever de casa, praticar gestão eficiente da máquina pública, com redução de custos, combate aos gargalos e desperdícios dos recursos arrecadados, não se cogita, ou quando se cogita é para falar de redução genérica de 10 ministérios e 3% nos cargos comissionados. Essa prática de gestão eficiente, os municípios deveriam adotar Brasil afora, com certeza nos municípios da região. E isso não invalida o movimento Municipalista, pois são ações complementares e não só nos momentos de crise. Otimizar o uso dos recursos públicos, para melhor aplicação na efetiva necessidade do cidadão é dever de todo governante.

E claro que este cenário todo, faz os prefeitos, de pires na mão, pedir a caridade de mais verbas para o seu município; o governo central praticar o assistencialismo e distribuir dentro dos seus interesses eleitorais e para os que agem de cabeça baixa, sem questionar as migalhas, enquanto, a verdadeira Ação Social, ensina que todos deveriam democraticamente, dentro dos ditames constitucionais, ter os recursos distribuídos de acordo com suas obrigações, eficiência gerencial e assim sucessivamente, premiando a todos equitativamente, e não apenas privilegiando os apadrinhados.

Se entre os poderes e governos é assim que ocorre, como pode o cidadão brasileiro esperar melhores serviços e economia saudável?

Karim Abud Mauad

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