O Ministério Público Federal denunciou o presidente da Câmara e o ex-presidente Fernando Collor, deixando outros 30 à ansiosa espera, dentre eles o presidente do Senado. O que intriga a sociedade é o propósito específico de denunciar primeiramente aquele que, publicamente, declarou oposição ao governo, deixando transparecer a existência de ilícito e irregular elo de vinculação entre a Presidência da República e o atual procurador-geral da União, Rodrigo Janot Monteiro de Barros.
Isto porque o procurador-geral da República, que exerce a chefia do Ministério Público da União e do Ministério Público Federal, além de atuar como procurador-geral eleitoral, é escolhido e nomeado pelo presidente da República, e seu nome deve ser aprovado pela maioria absoluta do Senado Federal.
Coincidência ou não, o presidente do Senado, que agora trabalha para sua escolha a recondução do cargo, também figura entre a lista daqueles investigados, oportunidade em que a sociedade brasileira questiona a razão de não ter sido ainda investigado.
A passos mansos o vice-presidente da República, Michel Temer, deixa a articulação política do governo, algo que se mostrou um fracasso frente ao faroeste caboclo e tupiniquim criado entre os presidentes da Câmara e Senado, que por sinal são do mesmo partido, deixando a presidente caminhar para o isolamento, pois estar ao lado do investigado Renan Calheiros e amparada por agentes políticos já desgastados, como Jader Barbalho, em nada ajuda.
Como se não bastasse a fragilidade do elo governamental dos três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, que reviram angústias e frustrações de Montesquieu, criador da tripartição dos poderes, o país ainda sofre com as pedaladas fiscais, que estão sendo investigadas e, se reconhecidas, poderão levar os atuais agentes governamentais à prática de crime de improbidade administrativa.
Enquanto isso, o desemprego sobe gradativamente e hoje apresenta números equivalentes a 8,3%, e ameaça chegar ao fim de 2015 em índices próximos a 10%; a inflação nos últimos 12 meses atinge números altíssimos e iguais a 9,57%; a crise no mercado externo, especialmente na China, eleva risco de recessão, e agora a presidente Dilma diz que o governo demorou a perceber a gravidade da crise econômica.
Neste faroeste caboclo e diante deste tiroteio de denúncias entre os poderes, os cidadãos, em eminente angústia, e ao roer de dedos, acompanhamos ansiosos o derradeiro fim desta novela global que não parece ter fim. Quem sobreviverá? Esta é a pergunta que caminha na boca de todos.
