ARTICULISTAS

Troca de nomes

Um movimento recente pretende trocar nomes de alguns monumentos e ruas

Mário Salvador
Publicado em 25/08/2015 às 22:17Atualizado em 16/12/2022 às 03:19
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Um movimento recente pretende trocar nomes de alguns monumentos e ruas. Cogita-se, por exemplo, rebatizar o elevado Costa e Silva. Como já é costume dos paulistanos chamá-lo Minhocão, esse seria seu nome oficial. Na verdade, a troca não tem a ver com a popularidade do novo nome. Trata-se de excluir nomes que façam homenagem a figuras relacionadas à violação de direitos humanos.

Outras cidades querem trocar nomes de logradouros, escolas, hospitais. No Rio, por exemplo, seria o caso de a ponte Presidente Costa e Silva passar a ponte Rio-Niterói. Em Uberaba, alguns ex-alunos e professores quiseram a volta do antigo nome da atual Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco. Embora esse nome pareça associado a um castelo branco, por seu imponente prédio branco projetado por Oscar Niemeyer (simbolizando quadro, giz, apagador e mata-borrão), o nome da escola homenageia um presidente da ditadura.

Tentou-se fazer a troca para que o nome da escola homenageasse o Professor Leôncio Ferreira do Amaral, que lutou para reinaugurar a escola em 1948. Embora vítima de armação, esse técnico em Educação, demitido do cargo em 1970, viu a justiça prevalecer: declarado inocente, foi ressarcido por danos morais, reintegrado em suas funções e aposentado por idade.

Pelo mundo afora, trocam-se nomes. Em Portugal, a vitoriosa Revolução dos Cravos (1974) derrubou o regime totalitário de Oliveira Salazar, e a magnífica Ponte Salazar, sobre o Rio Tejo, tornou-se, então, Ponte 25 de Abril – lembrando o dia do fim da ditadura.

Também países e outros lugares já tiveram o nome modificado após revoluções, guerras, dominação ou mesmo por conveniência. (Como exemplo de conveniência, já se cogitou mudar o nome de nossa Praça Rui Barbosa por outro mais estreitamente ligado à cidade.)

E, em Uberaba, imóveis já sofreram mudança: receberam número correspondente à sua distância do início da rua.

Na verdade, é um transtorno, para proprietários de imóvel (comercial ou residencial), a mudança da numeração ou do nome do logradouro. Providências precisam ser tomadas para alteração de cadastro em diversos lugares e é preciso refazer propagandas e cartões de visitas, o que implica tempo, gastos e disposição. Porém, conviver com homenagens, como as feitas a quem feriu os direitos humanos, é algo inconcebível, especialmente para as vítimas das atrocidades. O nome não deveria ter sido dado; já que o foi, que seja deposto.

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