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Família “a la tradición”

Com certeza você já ouviu uma música, leu, ou assistiu algo que trate sobre o tema família

Julia Castello Goulart
Publicado em 24/08/2015 às 14:46Atualizado em 16/12/2022 às 03:20
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  Família “a la tradición”

Com certeza você já ouviu uma música, leu, ou assistiu algo que trate sobre o tema família. Muitos ao pensarem em família já automaticamente imaginam uma família tradicional. Alguns sociólogos e historiadores defendem que o conceito de família tradicional ocidental, ainda utilizado por nós, é de origem romana, que no latim é “famel” e que quer dizer “escrava”. Isto talvez possa exemplificar o porquê de relacionarmos família, com o lar ou mesmo com um sistema de hierarquia, de ordem. Nessa relação atual de família, os filhos seriam os subordinados à ordem de um representante, o “chefe da família”. Essa ordem seria a educação e os limites impostos pelos pais aos seus filhos. Mas será que família consiste em apenas educar?

Por muito tempo, esse padrão de família tradicional foi considerado “certo” por algumas civilizações. Felizmente, o processo irreversível da história avança e, com ela, as sociedades vão se modificando. É difícil, às vezes, imaginar que muitas coisas aceitas no nosso tempo, não eram aceitas por outras gerações. Hoje, mães solteiras já não sofrem tantos preconceitos, como sofriam, a ponto de serem expulsas de casa, ou serem totalmente julgadas e excluídas de alguns grupos sociais. Hoje, a separação de casais acontece frequentemente. Mas será que a nossa geração não possui preconceitos sobre as famílias que não seguem o modelo tradicional? O que falar sobre duas mulheres que sonham em ser mães? Ou homens que esperam ser pais?

Meios de comunicação, como novelas e propagandas, são muito recriminadas ao quererem representar essas famílias não tradicionais. Isto é um exemplo de como nós brasileiros ainda nos apegamos aos valores tradicionais e não abrimos espaço para quebrar nossos preconceitos. A ficção sempre teve esse poder de representar as minorias de uma época, ou aqueles que eram considerados “modelos de conduta social” e não podiam ser criticados. Ainda bem que esses temas são abordados! Porque nos fazem pensar, ou pelo menos deveriam, sobre alguns tabus.

Muitos argumentam que família tradicional é a melhor forma de educar uma criança, já que este modelo consiste na presença masculina e feminina. Esta afirmação pode ser facilmente quebrada se analisarmos as conclusões de especialistas. Não existem comprovações de que esta ausência influencie negativamente na vida dos filhos. Independente de ser família tradicional ou não, ambos possuem problemas relacionados à convivência, com a educação, pois tantos filhos como pais estão aprendendo a se relacionar.

Família, na prática, é muito mais que educar. Família é uma relação de afeto, de aprendizado de como conviver. Ter pais de sangue em casas diferentes, ou pais que consideramos na mesma casa, isso também é família. Existem crianças com dois pais, crianças com duas mães, crianças que não o possuem e sonhariam em ter um. Se não existem famílias iguais, porque continuar defendendo um modelo a ser seguido? Família é a união entre pessoas que se amam, independente do gênero, da cor. Termino meu texto, com o melhor, mais filosófico, mais verdadeiro conceito de família que eu já li até hoje, da escritora francesa Diane: “A família é um conjunto de pessoas que se defendem em bloco e se atacam em particular”.

 

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