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Você já pensou no que significa delete?

É uma palavra pequena. Apenas três sílabas que revelam recursos extraordinários

Padre Prata
Publicado em 23/08/2015 às 13:43Atualizado em 16/12/2022 às 22:40
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É uma palavra pequena. Apenas três sílabas que revelam recursos extraordinários. Eu quase diria “um dom”. Mas dom supõe alguma coisa muito além de um recurso. É o caso do termo “Delete”. Ele traz consigo o sentido de destruir, de apagar de limpar. Com apenas um toque podemos apagar letras, palavras, arquivos inteiros, pastas, uma enciclopédia, o que quisermos, num átimo. Ela nos livra do lixo eletrônico que vai se acumulando dia a dia, inexoravelmente, em nosso computador.

Dizem os “experts” no assunto, os entendidos, que o cérebro humano é bilhões de vezes superior ao mais avançado computador. Em nossa memória só nos falta a tecla delete para enviar para a lixeira as coisas inúteis ou ruins armazenadas contra nossa vontade em nossa memória, em nossos conjuntos neurais, bilhões de sinapses. Lembranças de nossa primeira infância estão guardadas em nosso eu profundo. Coisas boas e coisas desagradáveis. Coisas que nos fazem sofrer, que nos fazem sangrar de arrependimento. Coisas encravadas em nosso inconsciente que só afloram em sonhos ou nos processos de regressão. Há muito lixo dentro de nós. Principalmente no coração.

Seria bom se pudéssemos jogar na lixeira alguns acontecimentos de nossa vida, coisas que, quando lembradas, nos fazem chorar ou morrer de vergonha. Mas, infelizmente (ou felizmente), esse dom nos é negado, não nos deram essa teclazinha tão importante. Não me foi dada a faculdade de ler-me no interior. Há muitas portas fechadas, lacradas, que resistem a qualquer esforço de penetração. Só Deus me conhece por dentro. Lembro-me das salas onde estudávamos no antigo Ginásio Diocesano. Bem acima da carteira do professor estava pendurada uma placa onde se lia “Deus me vê”. Era uma pedagogia errada que nos levava a proceder bem por medo do castigo de Deus. Se fizesse coisas erradas, Deus estava vendo, Ele ia me castigar. Era a pedagogia do medo que tanto prejudicou uma visão correta de Deus. Deus estava me vendo, tomando nota de meus pecados, Ele ia me castigar. Naquele tempo era assim. Com os anos e uma teologia mais sadia, fui aprendendo que Ele nos vê, não como réprobos, pecadores contumazes. Aquele aviso era verdade. Deus realmente nos vê, não com os nossos olhos, mas com os olhos dEle. Não sei como Deus é nem o que Ele faz. Não sou Deus para entender Deus. Sei apenas que Ele faz o papel de “delete”. Ele nos limpa, nos perdoa, manda para a lixeira o mal que está dentro de nós. Realmente apaga. Foi dEle que me lembrei diante dessa teclazinha aparentemente sem importância.

O “delete” de nossa vida é Ele, o Pai. Mas, cuidado, muita coisa depende de nós. É preciso saber “acessar”. É preciso saber “formatar” nossa vida. O trabalho de limpeza interior é feito a dois. Somente então teremos paz. Somente a paz nos traz equilíbrio interior.

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