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Políticos: empregados do povo

Determinadas dúvidas quanto ao Mensalão e operações da Lava-Jato nos afligem

Mário Salvador
Publicado em 18/08/2015 às 20:33Atualizado em 16/12/2022 às 22:40
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Determinadas dúvidas quanto ao Mensalão e operações da Lava-Jato nos afligem e precisariam ser esclarecidas.

Quanto ao Mensalão, já julgado, com réus condenados e quase todos soltos, a dúvida é: segundo o delator do esquema, deputado Roberto Jeferson, o dinheiro do Mensalão serviu para comprar políticos (deputados e senadores) para votarem a favor do governo. É mesmo? Salvo melhor juízo, durante o julgamento dos envolvidos, não se mencionaram nomes de políticos comprados; ou foram mencionados e ninguém se lembra deles.

Já na Lava-Jato, tudo está mais claro. A delação premiada esclareceu quem embolsou o tesouro da Petrobras, quanto foi levantado em cada operação e, em alguns casos, nomes de políticos que receberam as polpudas verbas. Valores movimentados na Lava-Jato reduzem o Mensalão a um trocado.

Já se sabe que partidos receberam grande parte do dinheiro desviado. Também ficou evidente que todas as importâncias doadas pelas empresas (que, por sua vez, sangravam cofres da Petrobras) foram contabilizadas. Nenhum pixulé ficou sem registro na contabilidade do PT, situação levantada em todo depoimento de pessoas ligadas ao partido.

Eis a dúvida: muitos dos que subtraíram dos cofres da Estatal já devolveram milhões que estavam em contas bancárias e outros já se comprometeram a fazê-lo. Então, já que o dinheiro entregue ao PT foi tirado da Petrobras, o Partido será intimado a devolver à Estatal os valores comprovadamente subtraídos dela?

Brasileiro é observador inteligente. Nada lhe escapa à percepção. Ele sabe, por exemplo, que o fato de a Presidente Dilma liberar vultosas verbas para atender aos projetos de deputados e senadores e ou oferecer cargos a esses políticos para votarem a favor do governo pode ser considerado compra de consciências. Além disso, o povo sabe que ganha uma eleição aquele em quem se tem a esperança de corresponder às expectativas, sem que isso signifique uma certeza. Se o eleito não corresponde ao que os eleitores esperam, estes se manifestam. É um direito e, na democracia, chega a ser um dever. Nenhum eleito é dono do cargo; é apenas empregado do povo. E isso apenas enquanto esse povo assim o desejar.

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