ARTICULISTAS

Erário

A palavra por si só já causa admiração e respeito. Desde pequena convivo com ela

Marília Andrade Montes Cordeiro
Publicado em 15/08/2015 às 19:46Atualizado em 16/12/2022 às 22:48
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A palavra por si só já causa admiração e respeito.

Desde pequena convivo com ela. Meu avô, bancário, já profetizava:

_ “Essa vai para a conta do erário, com certeza!”.

Na incapacidade de entender a mensagem, eu personificava o erário – aproveitador barato!

Mal sabia eu que era o barato que sairia tão caro.

Em épocas de inflação galopante, quando dormíamos remediados e acordávamos milionários, o vocábulo se tornou tão comum que achei que fosse o nome de um parente poderoso.

Vida vai, e muitos cursos d’água depois, resolvo dar uma busca mais aprofundada na questão, e entre inúmeras definições:

_ Erário – conjunto de recursos financeiros de um país; reunião do dinheiro e dos bens que pertencem ao estado.

Sinônimo – fazenda e tesouro.

Pimba! Não é que erário é quase humano, realmente?! Embora não tenha CPF, é  fruto do trabalho de um povo. Fruto de nossos impostos! Portanto, o erário somos nós. O povo, mais uma vez!

Erário rima com OPERÁRIO, mas também com SANTUÁRIO! E o que fizeram com o santuário dos operários?!

O ERÁRIO está vazio, impotente e rebaixado.

Enquanto isso, as feras se digladiam e jogam a culpa de suas más gestões e a gastos exorbitantes em artimanhas políticas de outras administrações. Clima de total descompasso e desnorteamento geral na falta de um líder carismático, humilde e competente.

Ninguém quer fazer mea culpa e realmente se responsabilizar pelo estado lamentável em que se encontra a nação.

O país entrou numa fase perigosa de descrédito e desânimo geral.

Ninguém sabe o que vai acontecer. Quem se arriscar a fazer prognósticos estará contando apenas com seus devaneios. Tudo está sem controle, sem normas e diretrizes. O barco sem comando.

São poucos os que ainda acreditam que possa haver “alguém que reúna o país”. Figuras carimbadas nos dão vertigem! E nomes novos nos soam como oportunistas.

A deterioração das contas públicas, com reflexo sensitivo na segurança, no supermercado, na saúde e na educação, portanto no nosso dia a dia, tem minado também nossa fé. Isso é humano e real.

Mas, precisamos urgentemente combater o mau humor...

Apesar de tudo, cada um de nós tem imensas conquistas a celebrar. Não podemos deixar que o rancor, a raiva, a inveja, a decepção, aliados a esse momento político trágico, nos tornem alheios e indiferentes.

Somos o erário. Devemos ordenar. Podemos mudar!

No dia 16 de agosto, vou novamente para a rua. Não para pedir o impeachment da Presidente inoperante.

Não creio que esse seja o caminho!

Há muitas feras à espreita!

Com o meu protesto e o de tantos outros, espero que ela consiga ouvir o barulho do gigante rugindo, jogue a petulância ou calmantes para o alto, encontre um pouco de humildade e aceite o conselho de gente bem intencionada e capaz!

Deve haver alguém que ela ouça!

Afinal, grande parte do inferno astral que o Brasil vive é fruto de seu destempero e sua arrogância.

Acorda, Dilma!

Somos erário, sim! Mas não otários!

(*) Mãe de família

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