Encontro no cemitério

É frequente a luta das autoridades para localizarem pessoas desaparecidas. Famílias se jogam na imensidão do desconhecido, na esperança de encontrar um ente que, anos a fio, não manda notícia. O desespero não cessa enquanto vivo ou morto ele ou ela não dá sinais de vida ou morte. A Cemig tem dado ótima colaboração em suas contas.

Há quase 10 anos lancei o livr “O andarilho; quem é ele?”, no qual enfoquei esse sofrido ser humano sem rumo. No ano de 1973, meu pai abrigou em nossa casa um andante da estrada, que ali ficou por um tempo. O hóspede temporário logo demonstrou seu pendor na arte de pintar e não deu outra; pintou nossa casa à rua Hildebrando Pontes, 14. Mesmo desfrutando de nossa confiança, um dia ele partiu sem dizer adeus.

Dentro do Cemitério São João Batista, no último Dia dos Pais, fui interpelado com um brado pelas costas, vindo de alguém que havia passado por mim. “Joãozinho!”, ouvi. Ao me virar, de pronto fui indagad “Quem sou eu?”, ele disse. Ato contínuo, apesar de estarmos grisalhos e passados 42 anos, reconheci Geraldo Ferreira dos Santos. Citei que um dia ele pintou nossa casa e depois desapareceu.

Envolto pela emoção, me cobrei em silêncio por pensar durante esses 42 anos que Geraldo pudesse estar morando há tempos num Campo igual àquele, onde, aliás, todos nós nos igualamos.

“Até as pedras se encontram”, “Quem é vivo sempre aparece” e agora; “Encontro no cemitério” são frases que me dão a esperança de conhecer algum parente do andarilho e meu “Nego Véio São Bento”, cuja estátua, desde 25/03/2006, está na Praça Dr. Jorge Frange.

Coincidência é o nome que damos ao resultado da conspiração inteligente das Leis Universais. Portanto, o meu encontro com Geraldo, 68, hoje pai de família e avô, em pleno cemitério, não decorreu do acaso, e sim da Sábia Conspiração.