ARTICULISTAS

Fabrício, o referencial

O livro é o farol que, com sua luz, nos permite vislumbrar mundos inimagináveis

João Eurípedes Sabino
Publicado em 24/07/2015 às 20:30Atualizado em 16/12/2022 às 23:08
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O livro é o farol que, com sua luz, nos permite vislumbrar mundos inimagináveis. Exemplo  eloquente temos em Fabrício dos Reis Dias, recém-bacharel em Direito pela Universidade de Uberaba. A ausência de 100% da visão nunca lhe serviu de óbice para lutar e chegar até aqui. Ele vai longe...

Nascido a 30/01/1979, logo Fabrício manifestou deficiência visual e por isso iniciou seus estudos no Instituto de Cegos do Brasil Central. Depois se transferiu para Belo Horizonte em 1990 onde fez oito cirurgias nas vistas. Voltou e sucessivamente estudou nos colégios José Maciotti, Quintiliano Jardim e Castelo Branco, com um detalhe: sempre foi um ótimo aluno.

Qual é o segredo para tanta superação? Perguntei a Fabrício e ele me respondeu: “Minha mãe, Glades Ferreira Dias, e meu pai, Francisco Nolberto Dias, nunca me trataram como um deficiente. Ao contrário, sempre me mostraram o mundo de forma diferente”. Constatei que Fabrício, mesmo sem visão, vê por uma janela que nós não vemos. Que o digam seus orientadores e colegas de trabalho na empresa Brasilar Móveis e Decorações, onde o hoje aspirante a advogado foi exímio lustrador de móveis.

Paralelamente aos estudos, Fabrício sempre trabalhou para se sustentar e na empresa Skalla Belsoft foi auxiliar de produção por três anos. Na Defensoria Pública brilhou como estagiário. A esposa Margarida Maria da Silva confessa que “se há alguém apoiando alguém, Fabrício é o meu ponto de apoio. Ele é o meu GPS”. Eu soube que ele tanto caminha sozinho quanto acompanhado e memoriza os mais intrincados caminhos!

Haja dinamismo no jovem que sonha em ser advogado trabalhista, procurador do Trabalho e, se lhe derem espaço, será juiz. Hoje é presidente da Associação Desportiva Uberabense dos Cegos. Pratica gool ball (futebol praticado por deficientes visuais) e joga em todas posições. Pretende participar da Maratona da Pampulha, São Silvestre e das Olimpíadas de 2016. Para fazer jus, já coleciona várias medalhas. Treina diariamente na academia do clube Jockey Park e, na hidroginástica tenho a honra de ser um dos seus pares. 

Escrever sobre Fabrício surge em mim a necessidade de fazê-lo indefinidamente. Na Romaria do Paizinho, ele caminha à noite e sem lanterna, além de deixar uma pá de gente boa para trás nos 140 quilômetros.

Prossiga, Fabrício! Você é referencial!

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