Idiossincrasia

Palavra complicada simplesmente para significar “manias”. Se alguém me considera um maníaco, eu me ofendo. Você também. Mas a verdade é que todos nós temos nossas manias, nosso peculiar modo de agir e reagir. E o pior é que nós nem sempre tomamos consciência de nossas peculiaridades.

Cresce a cada dia a mania de criar qualquer animal. Há séculos os preferidos eram os cães e os gatos. Hoje a variedade é bem maior. Não são apenas de animais, mas também de coisas as mais variadas. Tenho um amigo que coleciona Bíblias em todas as línguas, mas só lê em português. Conheci um antigo professor que colecionava molinetes. Já possuía 349. Ele se orgulhava de seu tesouro. Conheço outro que coleciona sapatos. Não faz tempo li a história de um americano que criava um suíno (porco mesmo). O afeto era tão grande que o feliz suíno dormia com ele. Era um porco que não era porco. Era um suíno de sorte. Tomava banho todos os dias e usava perfume francês. 

Conheço pessoalmente uma senhora que cria gatos. Disse-me há dois meses já tinha mais de trinta, mas com as próximas ninhadas chegaria aos 50.

Conheci um padre que criava uma seriema. Andavam sempre juntos, dentro e fora de casa, fazendo compras ou atendendo doentes. Acompanhava os cantos na igreja. Aí era um desastre.

O papa Leão X criava um elefante. Só não tinha honra de cardeal, mas tinha médico particular e alimentador com curso universitário. Um luxo. Quando morreu, teve enterro solene, túmulo e epitáfio.

Afinal, se eu refletir com honestidade, vou descobrir minhas manias. Algumas, com certeza. Certa vez apontei a mania de um amigo meu. Não gostou. Pior. Perdi aquele amigo. Aprendi que é mais lucrativo ficar calado. Vamos deixar o gringo dormir em paz com seu porco...