A derrota do Brasil para a Alemanha, por 7 a 1, na “copa das copas” realizada, aqui mesmo, no Brasil, foi exaustivamente comentada por todos. Expressões como vergonhosa, assustadora, inadmissível, inacreditável foram algumas usadas para defini-la. Como primeira consequência da derrota estrondosa ocorreu a demissão do técnico Felipe Scolari. Essa atitude quis trazer alívio e esperança aos torcedores brasileiros.
Matutando sobre isso, me dei conta do tanto que estamos sendo derrotados em todos os diversos setores do nosso país. Tenho certeza que ninguém apagou da memória os debates eleitorais em que a candidata e atual presidente receitava como remédio para todos os males o Pronatec. Vinha a pergunta que viesse, a resposta sempre incluía o Pronatec. Pois bem, agora reeleita, ela reduziu as vagas desse programa, de três milhões para um milhão. Perdemos. Estamos perdendo também de 7 a 1 para a inflação, que já superou em muito a meta estabelecida pelo próprio governo, e continua subindo célere e sem obstáculos, jogando fora todo um esforço de anos para contê-la. Tenho amargas lembranças de uma inflação de três dígitos, que agora já vislumbro como possibilidade real de voltar.
Goleada na ética, na transparência, na honestidade e na eficiência administrativa. Nesse caso, vitoriosa estão a corrupção e a impunidade. Das obras da copa, oito de 12 estão com prejuízos recordes. Nenhuma novidade. Já sabíamos no que ia dar. Derrota esmagadora têm sofrido a ordem e a paz, com índices de violência alarmantes a nos lembrar todos os dias que os nossos jovens estão crescendo sem perspectivas, sem rumo, sem alternativas. Na “pátria educadora”, o que se vê são escolas improvisadas, professores mal remunerados, Enem confuso e corte de recursos do Fies. Perdemos também para as drogas, o medo, o desânimo. Perdemos o sossego. Não podemos adoecer porque corremos o risco de morrer nas filas, de padecer de infecção hospitalar, de recebermos próteses falsificadas. Perdemos a transposição do rio São Francisco, perdemos para o endividamento das famílias, que atinge hoje 46,3% da renda. Perdemos, perdemos. O Brasil está derrotado. Estamos fragilizados, com sério risco de rebaixamento.
Nosso gol de honra, o 1 do 7 a 1, vai para a imprensa destemida e investigadora; para os procuradores que desbaratam esquemas criminosos; para a Polícia Federal, que não se intimida, e para o juiz Sergio Moro, que tem mostrado que ainda existem homens dignos de se confiar. Esse gol também é dos brasileiros que não desistem, que não se calam, não se omitem. Que se organizam e cobram enquanto a presidente continua suas pedaladas fiscais e não-fiscais, essas últimas em bicicleta importada e cercada de seguranças, aguardando o momento em que teremos coragem de trocar de técnico e tática de jogo. Só assim é possível acreditar em vitória.
