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Mentira e mitomania

Como as pessoas lidam com a mentira? Que características psicológicas a mentira assume

Sandra de Souza Batista Abud
Publicado em 28/05/2015 às 20:50Atualizado em 16/12/2022 às 23:58
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Como as pessoas lidam com a mentira?

Que características psicológicas a mentira assume na vida das pessoas?

A mentira faz parte do cotidiano de todos, de maneira intensa. Pesquisa revela que escutamos, mais ou menos, 200 mentiras por dia e que, durante uma conversa de 10 minutos, cada pessoa diz, em média, três. Além disso, quando conversamos, 35% das mensagens enviadas são verbais e 65%, não verbais. Neste contexto, torna-se relevante o enfoque que tem sido dado ao estudo da linguagem corporal da mentira nas últimas décadas, no Brasil e no mundo. Múltiplos fatores devem ser considerados: os motivos que nos levam a mentir; as emoções e os sentimentos que podem ser despertados na pessoa que mente; como a mentira pode ser desvelada pela linguagem do corpo.

E a mentira patológica?         

Pseudologia fantástica, mitomania ou mentira patológica são termos utilizados por psiquiatras para definir o comportamento habitual do mentiroso compulsivo. Mentira patológica pode ser definida como a falsificação totalmente desproporcional para qualquer finalidade em vista, que pode se manifestar ao longo de um período de anos ou durante toda a vida.

Normalmente, as mentiras dos mitomaníacos, ou mitômanos, estão relacionadas a assuntos específicos, mas podem ser ampliadas e atingir outros assuntos, em casos considerados mais graves.

Justamente por não possuírem consciência plena do que se passa com eles, os mitômanos acabam por iludir os outros em histórias de fins únicos e práticos, com o intuito de suprir aquilo que falta em suas vidas.

A mentira é considerada uma doença grave, necessitando que o seu portador obtenha grande atenção por parte dos amigos e familiares.

O mitômano geralmente acredita em sua própria história e a toma como fato. Essa característica faz com que ele afirme um falso acontecimento com tanta certeza, que acaba por convencer seu ouvinte.

Pode-se dizer que o discurso do mitômano é muito diferente daquele do mentiroso ou do fraudador, que tem finalidades práticas. Para estes, o objetivo não é a mentira, sendo ela apenas um meio para outros fins. Para os mitômanos, a mentira é uma forma de consolo por algum motivo criado em sua mente.

Esse distúrbio tem sua origem na supervalorização de suas crenças em função da angústia subjacente que está muitas vezes unida à angústia profunda, ao transtorno obsessivo - compulsivo (TOC) e à depressão.

(*) Psicóloga Clínica [email protected]

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