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Presença Mística nos Direitos Humanos

Nossos direitos vêm. Se não vierem nossos direitos o Brasil perde também­ – Zé Rufino

Wagner Dias Ferreira
Publicado em 27/05/2015 às 19:23Atualizado em 16/12/2022 às 03:28
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“Nossos direitos vêm. Se não vierem nossos direitos o Brasil perde também”­ – Zé Rufino. A primeira vez que tive contato com Fábio Alves dos Santos foi em 1991, quando o professor de Cultura Religiosa na PUC-MG participou de um evento da Pastoral Universitária em Belo Horizonte. Logo em seguida, passei a fazer estágio na Comissão Pastoral de Direitos Humanos da Arquidiocese de Belo Horizonte, onde o mesmo professor assumia como advogado. Homem de personalidade forte, marcou a vida dos que o conheceram e a minha de modo mais especial. Fui estagiário dele na Pastoral por cerca de dois anos (92/94) e no escritório que mantinha na capital mineira, por seis meses. Aliás, o trabalho neste escritório foi motivo de uma briga feia entre nós. Que depois trilhou o caminho da reconciliação, como deve ser na vida de todo cristão.

Estive como convidado com Fábio, o padre Paulo Stumpf (diretor da Escola Superior Dom Helder Câmara) e a freira Maria Emília da Silva (referência na Defesa de Direitos Humanos em Minas Gerais), em uma reunião do Jusol (Justiça e Solidariedade) ligado ao Conselho dos Religiosos do Brasil, ocorrida em Brasília, onde nasceu a ideia que gerou a Fundação Movimento Direito e Cidadania e depois a Escola Superior Dom Helder Câmara. Empenho e mérito do Pe. Paulo, mas ideia do coletivo. Ser testemunha de uma história tão bonita e vigorosa foi uma honra que devo ao Fábio, que garantiu minha ida ao evento. Estive ainda com o nobre professor, amigo e colega de profissão em momentos gloriosos, como no curso da Frente Penitenciária realizado em Itaúna/MG, por ser a sede da pioneira experiência de Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) em Minas Gerais. E mais de uma centena de vezes nos corredores do Fórum Lafayete quando ali estava o Fábio pelo Serviço de Assistência Judiciária da PUC e eu na militância forense comum.

Enquanto fazia estágio na Pastoral de DH pude atuar na preparação de um júri orientado pelo Fábio, depois foi realizado pelo professor Leonardo Yarochewsky, e em processos nas comarcas de Betim e Vespasiano que certamente orientam minha atuação até hoje. Mas quando participei da elaboração de um recurso de apelação, em um caso de latrocínio, cujo relator no Tribunal de Justiça de Minas Gerais foi o desembargador Kelsen Carneiro, foi o ápice estudantil. Nunca me esqueço do caso, do esforço e do resultado quando o próprio relator reconheceu que o recurso era demasiado acadêmico, tamanha fora a preocupação de fazer um trabalho bem feito e cobrindo todas as possibilidades.

Nas inúmeras lutas do dia a dia o professor Fábio sempre repetia o refrão da música que abre este articulado e a repetição fez com que essa verdade se instalasse em minha alma, incorporando-se ao meu ser. Quando qualquer um de nós brasileiros perde o seu direito humano, portanto, direito que transcende fronteiras, todo o país perde, toda humanidade perde.

(*) Advogado e Membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG

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