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Aberto

Embora fechada, a porta de entrada de alguns estabelecimentos comerciais exibe

Mário Salvador
Publicado em 26/05/2015 às 20:30Atualizado em 17/12/2022 às 00:00
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Embora fechada, a porta de entrada de alguns estabelecimentos comerciais exibe uma placa com a palavra “aberto”. Parece contrassenso, mas na verdade, neste contexto, a acepção do vocábulo poderia ser esta: “Permitida a entrada no estabelecimento agora, pois ele está em funcionamento”.

O fato de as portas estarem fechadas é justificado, algumas vezes, em outra placa: “ar condicionado”. Outras vezes, esse cuidado do proprietário da loja visa exclusivamente à proteção (dele próprio, de empregados, clientes, loja, bem como dos pertences de todos eles). Afinal, uma das acepções da palavra “aberto” é justamente “exposto ao perigo, ao risco”.

Portas e vitrines amplas e transparentes permitem que se veja, mesmo estando fora da casa comercial, o seu interior. Entretanto, alguns comerciantes, por precaução, optam por instalar, além do vidro, algumas grades e até cortina tipo blecaute, impossibilitando aos curiosos verem os produtos ali comercializados e tornando a loja, em tese, menos vulnerável.

O proprietário cuja loja ostenta os dizeres “Aberto. Favor tocar o interfone” talvez tenha boa clientela e esteja satisfeito com o movimento. Foi o que concluí esses dias. Sou cliente de uma loja que, além de oferecer boa variedade de mercadorias, sempre esteve aberta, porém, recentemente, estranhei ver sua porta trancada e com uma dessas placas. “Questão de segurança” – justificou a vendedora que me atendeu. “Só abri a porta porque o senhor é nosso conhecido”.

Apesar de portas fechadas serem, sim, uma precaução, o tiro pode sair pela culatra, pois, caso um gatuno entre na loja, digamos, graças à boa aparência, estará à vontade para agir sem ser visto por quem passa pela rua. Mesmo com esse aspecto negativo, o uso da plaquinha é uma medida que vem somando adeptos, o que nos faz rememorar o bom tempo em que estabelecimentos mantinham as portas escancaradas ao público.

É certo que, ainda hoje, quase todo comércio adota o sistema das portas abertas, mesmo com tanto registro de furtos e roubos. Mas também é certo que, hoje, com a instalação de câmeras nas lojas e proximidades, é possível averiguar a ação de criminosos, identificá-los e prendê-los. Pena, em geral, serem logo liberados por brechas na lei e pagamento de fiança.

“Vão-se os anéis; que fiquem os dedos”, já ensinava o velho provérbio. É isso mesmo. Apesar de tantos cuidados dos lojistas, se o cerco for furado por amigos do alheio, o mais sensato a fazer é seguir o conselho das autoridades: não reagir em caso de assalto. E podemos nos considerar sortudos se nossa vida for preservada. Está ficando cada vez mais difícil...

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