“Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes”. (Marcos 14-30)
E acreditem: tenho me pegado negando a profissão de meu marido, que nem Pedro negou que conhecia Jesus.
Também pudera! Virou uma discriminação total e um julgar tão insano e coletivista que muitas vezes, ao ser indagada sobre a “profissão” de meu marido, me pego respondend Ele é médico, anestesista!
Meias verdades, não são mentiras.
Ainda questiono se a política deve ser encarada como profissão.
Grandes líderes dizem que sim...
Discutimos isso inúmeras vezes e argumentos ainda não me convenceram.
Senão vejamos: profissão inclui vocação, mas antes de tudo constante estudo e aprendizado. Política é também vocação, mas exige carisma e aprendizado, aliado a um forte marketing pessoal.
Profissão pode incluir vocação, ou pode ser simplesmente um ramo empresarial passado de pais para filhos, o que não exclui o estudo.
É o que se vê também na política. A perpetuação de verdadeiros feudos hereditários.
Profissão pressupõe dedicação, compromisso e resultados. Caso contrário, teremos um empreendedor medíocre.
Na política temos verdadeiros bruxos enfeitiçadores, que acarretam extremos transtornos coletivos. Políticos profissionais, com resultados práticos pífios, mas de grande influência midiática, devido a falas histriônicas.
Na profissão, os melhores profissionais são respeitados e reconhecidos. Na política, brilha mais quem aparece, enquanto o critério intelectual fica em último plano.
O desencanto e a frustração com os rumos de nosso país têm gerado as mais diversas manifestações em todos os setores.
Massificados pelas constantes denúncias e desmandos, estamos apenas repetindo padrões de agir e pensar.
E o assunto virou o maior talk-show em grupos sociais e festivos. Muitos, apenas focados em achar um vilão para seus inúmeros dissabores, muitas vezes frutos de sua própria incapacidade produtiva.
Estou no olho do furacão. E tenho treinado para olhar ao meu redor sem tristeza ou revolta, com as ponderações muitas vezes injustas e desnecessárias.
Mas acredito veementemente que é chegada a hora de assumirmos posições concretas de inconformismo.
Não basta apenas reclamar e manifestar. É preciso participação ativa.
Ter a humildade e dignidade de aderir efetivamente a um grupo político. Ser um voluntário também na política.
Ouso afirmar que, do jeito que as coisas estão sendo julgadas e tratadas, muito poucas pessoas sérias vão se arriscar a colocar seus nomes ao sufrágio das urnas.
Esta cidade, este país são nossos! Se queremos realmente ver as mudanças acontecerem, não basta apenas gritar. Temos de ir à luta com determinação.
Precisamos passar o país a limpo. Mas para isso precisamos criar novas e abnegadas lideranças. Pessoas que arrisquem deixar seus inúmeros compromissos profissionais, sua “boa vida”, para se integrar a um projeto verdadeiramente social.
(*) Mãe de família