ARTICULISTAS

Reconstrução

Todos nós temos um muro de proteção, que nos cerca e nos afasta das intimidações

Fernando Hueb de Menezes
Publicado em 21/05/2015 às 19:11Atualizado em 17/12/2022 às 00:04
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Todos nós temos um muro de proteção, que nos cerca e nos afasta das intimidações que a vida nos impõe. Somos frágeis, sensíveis às constantes tempestades emocionais, aos conflitos internos e às adversidades de qualquer natureza.

Por muito tempo, vivi cercado por uma muralha que me protegia. Diante dos tornados mais intensos, a estrutura era inabalável. Nas piores tormentas, me sentia seguro e amparado. Nas constantes ameaças, a rigidez daquela parede que me circundava era capaz de me ocultar, me tornando um ser invisível e imune.

Num certo momento da minha vida, o muro foi perdendo a solidez. A primeira degradação foi rápida e repentina. Aquela estrutura, antes inatingível, começava a desmoronar. Perdi o Murilo. O meu protetor maior. Aquele que representava as colunas de sustentação. Que, com sua força, suportava todas as investidas.

Mas o golpe foi certeiro. Senti muito, sofri com a angina intensa no peito. Mas ainda restava a parede, revestida de sensibilidade, que, mesmo perdendo algum reforço, tinha dentro de si uma sustentação que agora se aflorava. Que assumira, a partir daquele momento, o papel de envolver os atingidos, de restaurar a ruína e reunificar os cacos. Em pouco tempo, consegui me reerguer. Sentia-me novamente protegido.

Não esperava outro trauma, como aquele que quase me derrubou. Mas ele veio. Tão avassalador como o primeiro. Não me deu tempo para defesa. Terezinha se foi. Com ela, partia o aconchego, a brandura e a afeição. Consigo foi o amor, que serenava o turbilhão de sentimentos que me abalava.

Sobrava a mim o alicerce. Uma base permanecera, sólida e coesa. Dela, haveria de subir uma nova estrutura. Estava ainda amparado por uma família que me abraçava. E ao meu lado, sempre me norteando, me trazendo novamente pro prumo, meu amor, Mariana. E, subitamente, tanto quanto às partidas inesperadas, desse amor, viria a reconstrução e eu reviveria. Por um sopro de Deus, uma nova estrutura começara a se reerguer. Ainda incipiente e frágil, mas já com tanta ternura e sentimento, capazes de proteger minha alma e preencher meu coração de amor e felicidade. Um novo pequeno muro. Murilo!!!

(Obs: O nome Murilo é uma adaptação ao português do nome de origem espanhola Murillo, que vem do latim múrus. É um diminutivo das palavras muro ou muralha).

(*) Professor e pesquisador da Universidade de Uberaba, chefe de Gabinete da Prefeitura de Uberaba

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