Estou ficando pessimista? Ou é uma fase normal da senectude? Faço a pergunta por que tenho
Estou ficando pessimista? Ou é uma fase normal da senectude? Faço a pergunta por que tenho a impressão de que quase todos nós estamos cada dia mais intranquilos. O noticiário dos jornais nos assusta. Notícias de crimes. Descrição de assaltos. Vulgarização da droga. Corrupção política. Nós nos tornamos inseguros. Isolamos nossas casas. Arame farpado. Rede elétrica. Muros altos. Sair à noite tornou-se uma aventura perigosa. Perdemos a paz. Por isso nos trancamos.
Estou, até agora, falando num tipo de paz exterior, que vem de fora.
Mas não é sobre esse tipo de paz que eu gostaria de comentar. Quem lê os Evangelhos percebe muito bem que lá se fala muito em paz. Shalom! Mas não é desse tipo de paz simbolizada pelo arame farpado. O que realmente é importante é a paz interior. Paz que brota do coração. Paz que brota do Espírito Santo, do amor de Deus. Como a água límpida que brota da fonte, trazendo consigo o silêncio que vem do interior da rocha intocada.
Tem paz interior quem não odeia, quem não coleciona rancores, vinganças e antipatias. Tem paz interior quem aceita o outro como o outro é e o ama apesar das diferenças e dos mal-entendidos. Tem paz interior quem não se considera dono de nada, apenas depositário das coisas que pertencem a Deus. Tem paz interior quem não faz do poder um instrumento de opressão. Tem paz interior quem não se apodera do dinheiro do povo para locupletar seus cofres individuais e seus interesses particulares. Tem paz interior quem não faz do poder um instrumento de opressão, de vinganças, de retaliações mesquinhas, de exploração dos mais fracos. Tem paz aquele que partilha, que ama o pobre e dá toda atenção a ele. Tem paz aquele que vê no pobre o rosto de Deus. Tem paz interior aquele que defende o dinheiro que pertence ao povo.
(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro