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Minas Gerais: A pérola preciosa do Brasil 2

Meu desgosto com o ensino da História em minha formação secundária foi a força

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 06/05/2015 às 19:53Atualizado em 17/12/2022 às 00:17
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Meu desgosto com o ensino da História em minha formação secundária foi a força que me direcionou a buscar informações precisas e atuais sobre a “História do Brasil” principalmente. Assim os novos autores e títulos proporcionaram-me visão totalmente diferente da anterior no que se refere à Conjuração Mineira. Antes eu definia este movimento revolucionário em direção à independência como um sonho de poetas totalmente irreal e impossível de ser concretizado por um povo pacífico até demais que poderíamos chamar de submisso e vassalo. Agora, a partir das informações documentadas que Maxwell nos apresenta, sei que em outubro de 1786 José Joaquim Maia e Barbalho, natural do Rio de Janeiro, estudante de Medicina na Universidade de Montpellier, escreveu uma carta ao embaixador dos Estados Unidos na França, Thomas Jefferson, sob o pseudônimo de Vendeck, solicitando apoio àquele país, já independente, ao movimento revolucionário brasileiro que desejava “romper as cadeias que nos prendiam a Portugal”. Depois desta correspondência, eles se encontraram em Nimes e o embaixador comunicou em seguida a Mr. Jay que o Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia encabeçariam a revolta, com a adesão de outras capitanias. Eles contavam com  cavalaria e a produção de ouro e diamantes seria usada para compra de canhões, munições, navios, marinheiros, soldados e oficiais dos Estados Unidos. A análise que era feita pelos brasileiros e compartilhada pelos norte-americanos é que Portugal não tinha Exército e nem Marinha de Guerra e não poderia tentar uma invasão por uma dúzia de meses. Além disso, as minas de ouro estavam entre montanhas, de difícil acesso por qualquer Exército e facilmente defendida pelos da terra. Ao que tudo indica, José Joaquim Maia e Barbalho foi financiado por comerciantes do Rio de Janeiro para contatar Thomas Jefferson recebendo resposta de apoio desde que o movimento fosse deflagrado aqui.

O título “O processo penal contra Tomás Antônio Gonzaga: Inconfidência Mineira final do século XVIII”, resultado da pesquisa de mestrado de Renata Cristina de Oliveira Elias, completou minhas informações ao abrir a possibilidade de pensar a Inconfidência Mineira, pelos Autos da Devassa, processo que julga o magistrado Tomás Antônio Gonzaga pelo crime de Lesa Majestade, condenando-o ao degredo, apesar da falta de provas de sua participação nos planos dos Conjurados. Através desses textos também conhecemos os primeiros “delatores premiados” da nossa história, já que Joaquim Silvério dos Reis e Basílio de Brito Malheiro do Lago ofereceram denúncia verbal e escrita contra Tomás Antônio Gonzaga onde o apontaram como participante e líder do movimento. O século das Luzes teve aqui seus seguidores e ideólogos colocando a colônia portuguesa no movimento europeu que ruía as sólidas monarquias absolutistas.

(*) Psicóloga e psicanalista

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