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Onde está o erro?

Quando eu era criança minha professora Julieta Pinheiro contou-nos em aula

João Eurípedes Sabino
Publicado em 01/05/2015 às 19:28Atualizado em 17/12/2022 às 00:20
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Quando eu era criança minha professora Julieta Pinheiro contou-nos em aula que um prisioneiro foi condenado à morte por enforcamento e o seu último desejo, antes de subir ao cadafalso, foi o de fazer uma confissão à própria mãe. O paciente carrasco esperou que aquela sofrida mãe falasse com o amado filho.

O jovem, que havia feito opção pela vida bandida, olha  no fundo dos olhos da mãe e diz: “Mamãe, sei que errei e vou pagar pelo que fiz, mas a grande culpada é a senhora. Quando roubei um alfinete e o levei para casa, a senhora não me corrigiu. Depois roubei outras coisas e também não fui repreendido. Dedico a minha morte à senhora”. Banhada em pranto, a mãe não teve como justificar a sua omissão perante o filho. E seguiu-se o enforcamento.

Mais uma vez nos curvamos diante da execução de um brasileiro na Indonésia. Rodrigo Muxfeldt Gularte foi condenado por tráfico de drogas naquele país quando tentou entrar ali com seis quilos de cocaína. Hoje choram seus pais e a sociedade brasileira se cala, sem ter o que dizer.

Rodrigo, moço abastado e morto no dia 28/04/2015, fora corrigido nos seus dias iniciais, ou a impotência de seus pais lhe deu os limites que teve? A ausência da palavra “não”, muito comum hoje em dia, pode ter sido o ingrediente estimulante ao jovem morto. Lamentável...

Li num livreto de cordel: “Aquele que  com sabedoria / Provoca no filho o pranto / Passa-lhe com ternura  o encanto / E não chorará por ele um dia”. Acertou o poeta caboclo quando não fala em palmadas e, com simplicidade, nos ensina a educar uma criança.

Estamos num País em guerra, onde as drogas matam  os nossos jovens. Uns tombam logo, sem vida, e outros morrem devagar, perambulando, à mercê do crime tendo os dias contados. E o problema segue com os governos apenas maquiando a solução. Para onde vamos?

Por que sou contra a pena de morte? As execuções não têm reflexos positivos, além do que nenhum homem tem o poder de dar ou tirar a vida de outrem. Aliás, os ditadores, visando saciar seus egos, matam para impor suas fragilidades. Aqui, na democracia, temos a pena capital e o crime continua. Onde está o erro?

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