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Ultraje a rigor

Karim Abud Mauad
Publicado em 27/04/2015 às 09:45Atualizado em 17/12/2022 às 00:23
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 Ultraje a rigor

Nestes últimos tempos temos sido surpreendidos com toda a sorte de notícias ruins, que apenas confirmam uma crise ética, maior que a crise política e econômica no Brasil.

Agora, depois de todo o final conturbado do ano de 2014 e também deste início de 2015, acirrado por processos políticos mal explicados, onde o cidadão comum teme por seus ganhos conquistados, achar que um simples balanço, torna os problemas gerados na maior empresa do país, "página virada" na história é ultraje a rigor.

Tão nefasto quanto este episódio, foi no dia anterior, um governador mineiro dar uma honraria da Medalha da Inconfidência a um elemento (usando aqui linguagem apropriada), que ao arrepio da lei, invade propriedades privadas, destrói pesquisas agrícolas, possui até um exército já convocado para inibir protestos legítimos e reivindicações pacíficas.

Não quero e não vou entrar pela seara política, discutindo mazelas de quaisquer dos lados, mas não posso deixar de observar o quão danoso para a dita Pátria Educadora este gesto representou, sendo novo ultraje a rigor.

Neste episódio, onde outros agraciados devolvem o que deveria ser uma honraria, onde se deseja comparar Stédile a um Tiradentes do Século XXI, a situação fica mais grave, pois se um se insubordinou contra os desmandos da coroa portuguesa, o outro atua para manter os desmandos da coroa no poder brasileiro.

Tenho escutado muita gente e lido artigos, onde sobressai a estranheza desta homenagem. Aqui mesmo vi o G9 e neste caso específico liderado pelo SRU do presidente Romeu Borges, indignado como classe produtora que sustenta o país, e Uberaba é um ícone de produção neste setor, quando estamos iniciando mais uma feira tradicional de Gado Zebu em nossa terra, saber que o elemento que leva intranquilidade ao campo, recebe do governador mineiro essa distinção.

No tempo em que presidi a ACIU, já falávamos em insubordinação no recolhimento de tributos, depósito em juízo para evitar multas e juros, mas nada que em 30 ou 60 dias, não levassem as autoridades a rever a relação. A única forma eficaz de demonstrar o descontentamento do setor produtivo do país é evitar o recolhimento dos tributos nas três esferas de poder. Ao sentir no bolso esse baque, talvez sejamos melhores ouvidos e menos ultrajados, por quem teoricamente nos comanda e que deveria dar o exemplo.

Vivemos um momento grave na história recente do país e creio que não são com afrontas desse nível, com homenagens a foras da lei, no que rezam as nossas atuais leis, que chegaremos a um bom termo e nível para a governabilidade do Brasil.

Finalizo este artigo, que acreditava nunca ter que escrever, motivado pela insensibilidade do governador e equipe, pedindo às nossas lideranças classistas e empresariais, que rebatam essa desconsideração, não apenas com notas de repúdio e cartas ao governador, legítimas e necessárias, mas com a avaliação correta para o início de um processo de não recolhimento de tributos. Este seria nosso verdadeiro ultraje a rigor para eles, com 95% no mínimo de aprovação pela sociedade.

..."A gente não sabemos escolher presidente... Inútil, a gente somos inútil"

Karim Abud Mauad

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