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Pra não dizer que não falei de venenos

A sabedoria popular tem muito a dizer sobre os venenos, seja com o intuito de evitá-los

Renato Muniz Barretto de Carvalho
Publicado em 26/04/2015 às 11:21Atualizado em 17/12/2022 às 00:25
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A sabedoria popular tem muito a dizer sobre os venenos, seja com o intuito de evitá-los, seja para melhor usá-los. A Ciência também estuda os venenos há bastante tempo, tanto para entendê-los e descobrir como utilizá-los com maior eficácia e segurança como para controlar e diminuir sua periculosidade e seus estragos.

Venenos servem para muita coisa, mas, antes de qualquer coisa, servem para matar, para diminuir ou controlar algo, plantas e animais. São produtos que costumam ocasionar lesões ou causar enfermidade, isto é, doenças, desconfortos, reações indesejáveis. De modo geral, venenos são substâncias que fazem mal, produzem efeitos funestos aos seres vivos. Correto?

O povo costuma dizer que a diferença entre o veneno e o remédio está na dosagem. A Ciência também trabalha com uma ideia semelhante, mas a questão não é tão simples. Substâncias químicas nem sempre se comportam de modo linear, previsível, isso sem falar que, na natureza, manifestam-se de modo complexo, pois dependem de infinitas combinações, de inúmeras interações com os demais elementos com os quais vai entrar em contato. Produtos químicos combinam-se uns com os outros, inclusive formando novos compostos. Qualquer estudante do Ensino Médio sabe disso.

Na natureza, vários animais e plantas produzem venenos, geralmente com o intuito de sobreviver, de se alimentar ou de se defender. Os exemplos são muitos e conhecidos: cobras, escorpiões, aranhas, marimbondos etc. Muitas plantas também são venenosas, contêm substâncias tóxicas que, em contato com os seres vivos, causam algum tipo de dano. De vários elementos minerais também se extraem venenos; é o caso do arsênico. Muitos podem ser fabricados por processos industriais, artificialmente, como os ácidos e os produtos usados para o chamado controle de pragas. Venenos, ou substâncias tóxicas, também são produzidos em situações específicas e expelidos por chaminés, ou na forma de esgoto, e despejados no ar e nos cursos d’água.

Ninguém, em sã consciência, gosta de venenos ou quer conviver com substâncias tóxicas. Pessoas mal-intencionadas manipulam venenos, assim como pessoas mal-informadas. Diversas pesquisas permitem certo grau de conhecimento sobre esses produtos. Trabalha-se muito hoje com o princípio da precauçã na dúvida, é melhor não usar. No entanto, os problemas acontecem quando outros interesses entram em cena e até crimes são cometidos com substâncias tóxicas. Muito conhecido é o golpe “boa noite cinderela”, em que a vítima é dopada para que o meliante possa furtá-la. Quanta ingenuidade! Também, por falta de informação, ou por falta de preocupação e empenho do poder público, muitas pessoas e, às vezes, comunidades inteiras são contaminadas.

Veneno não combina com comida, não é? Nenhuma pessoa consciente colocaria veneno na própria comida, ou na dos filhos. Venenos podem causar câncer, interferências hormonais, depressão etc. E se mudam o nome de veneno para “defensivo agrícola”? Ou “agrotóxico”? O que diriam a sabedoria popular e a Ciência sobre isso? E você? (*) http://renatombcarvalho.blogspot.com/

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