ARTICULISTAS

Deixem o tempo viver e passar

Desde a minha juventude, sempre apreciei ler e escrever. Na leitura – do curso primário

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 15/04/2015 às 19:14Atualizado em 16/12/2022 às 03:32
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Desde a minha juventude, sempre apreciei ler e escrever. Na leitura – do curso primário até os dias atuais e finais – tudo me foi fácil, variado em torno dos dias, da idade e das emoções. Os clássicos li em colégio interno Marista – o São José em 3 anos de Rio de Janeiro. Ali havia uma biblioteca vasta e variada, quase todos os clássicos da Grécia e Roma – coisas de derrotas, sofrimentos e mortes – episódios inesquecíveis da vitória de Cesar pulando o Rubicão, de Sócrates condenado a beber cicuta, vitórias clássicas de Napoleão, seu esmagamento na ilha de Santa Helena... e a coragem e medo, as lealdades e as traições chegadas à modernidade das Grandes Guerras – uma estúpida ambição e vaidade dos seres humanos. Todos passaram e morreram ou foram mortos, serviram-me para uma informação e lição. A frase clássica e latina inesquecível: omnia vanitas... omnia vanitatis.

Impressionei-me e isto me ficou gravado de forma indelével no cérebro – da juventude até esta senectude.

É comum e geral dos que apreciam as leituras de toda espécie – infelizmente de pouca gente – ler e até se emocionar... e quase sempre pensar e dizer que aquelas histórias são de Histórias, são clássicas e terminais, o que é importante e válido é o dia de hoje.

Eu vivi muitos anos, e sempre dentro desta filosofia: isto aconteceu, foi triste ou alegre, foi suave e amoroso... ah, Romeu e Julieta, que beleza emocionante... e que tristeza em suas mortes...

Meu pai foi um daqueles históricos coronéis da velha guarda, aqui neste nosso Triângulo Mineiro. Casou-se duas vezes, teve 14 filhos com sua mulher (teria morrido de parto...?) e depois casou-se com minha mãe Elvira, com quem teve novamente 14 filhos... e eu fiquei na fornada final, junto com Antonio, Afonso e Maria Aparecida. Meu pai era chamado Coronel, o título honorífico daquela época, e minha mãe Elvira era a santa dos socorros, pobres, orfanatos, doentes de toda sorte, a pregação pela salvação humana na sua religião católica desde o berço. Não precisei frequentar as ruas e seus problemas: tinha tudo em casa. Um exemplo apenas e simples: dois irmãos da linha média – Luiz e Tomaz – brigaram não sei por que além da juventude. Pois bem, viveram anos no mesmo quarto (nossa casa tinha nove) sem trocar uma palavra – e o tempo passou, eu era menino, não entendia por que fizeram suas pazes. Minha eventual briga era com Antonio Ronaldo. Pois bem, nós todos terminamos unidos e amorosos. É uma receita, a mais importante da minha vida.

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