ARTICULISTAS

Na Biblioteca

Semana passada, fui gentilmente convidado a assistir a uma palestra de Renato Muniz

Mário Salvador
Publicado em 14/04/2015 às 20:32Atualizado em 17/12/2022 às 00:36
Compartilhar

Semana passada, fui gentilmente convidado a assistir a uma palestra de Renato Muniz Barretto de Carvalho, na Biblioteca Municipal Bernardo Guimarães. Com bela apresentação de slides, o acadêmico ressaltou a importância de se frequentar esse espaço cultural, exibiu grandes bibliotecas do mundo e levantou as necessidades atuais das bibliotecas, com o advento da internet. Em seguida, Ivanilda Barbosa, diretora da biblioteca e promotora do ciclo de palestras, como sempre seriamente comprometida com sua especial função naquela entidade, agradeceu ao palestrante pela participação e comentou sobre o essencial trabalho da Biblioteca Municipal em favor da comunidade. E informou que, apenas provisoriamente, precisou valer-se da sala da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, para realizar a catalogação de livros. A sala está em boas mãos.

O empolgante assunto fez com que, já em casa, eu contemplasse minha biblioteca. Peguei um livro, dois, mais outro... e, lá pelas tantas, achei o Manual do Datilógrafo, do tempo em que fiz o curso de datilografia na escola Laurencina Palmério, com as professoras Maria e Olésia. Percebo, hoje, o quanto esse manual é didático. Com fotos, ensina as partes da máquina de escrever, posição das mãos, dedos que acionam cada tecla, colocação do papel na máquina e faz recomendações, como esta: não se deve olhar para o teclado, mas para o original.

Cada um dos 148 exercícios deveria ser repetido cinco vezes. O primeiro era datilografar asdfg. E o manual sugere, dentre outras ideias, que o datilógrafo domine a língua portuguesa, pois precisará redigir vários documentos.

Há uns bons anos, quando meus netos jogavam ao computador, eu quis datilografar um texto na minha Olivetti Línea 98. Inseri o papel ofício no rolo e comecei o tec-tec. Deixando o computador, os netos rodearam esse avô. Quando terminei o texto, embevecidos pelo momento mágico, eles se apossaram da máquina. Queriam saber como colocar o papel no rolo, apagar erros, mudar fonte, voltar linha... E não era preciso impressora: tudo já saía impresso. E o barulhão era incrível!

Quem datilografava teve facilidade para digitar ao computador, que herdou o teclado da máquina de escrever. Será que alguém ainda não se rendeu a esse fascínio da modernidade? Sempre é tempo para um ganho colossal. Mas, tentando ser assim moderno, no fim das contas, o que fazia um manual anacrônico por entre livros de Machado, Pessoa, Drummond e escritores da ALTM? É difícil desfazer de objetos de estimação como esse, que já teve seu momento crucial. É assim o ser human a um só tempo nostálgico e contemporâneo...

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por