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Para onde vamos?

Meus amigos leitores, de repente fiquei velho. Não foram os 85 anos da semana passada

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 08/04/2015 às 20:20Atualizado em 17/12/2022 às 00:41
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Meus amigos leitores, de repente fiquei velho. Não foram os 85 anos da semana passada, isto é biologia e eu já esperava. A velhice vem mesmo é de não ter mais as obrigações do trabalho que ocuparam a minha vida. Velho vai perdendo sua roda social e de trabalh alguns companheiros já tomaram passagem para a outra vida, outros vão perdendo as forças de viver, de passear, de sentar no jardim público, ver a humanidade passar, ter um amigo para trocar assuntos e as queixas porque “tá tudo errado no novo mundo”. Pois é, meu bom leitor, daí está porque escrevo estas crônicas... Leio coisas diversas, alguns amigos querem me matar por aí - imaginem que o Cristiano e o Joaquim me deram de presente para ler a biografia histórica de Santo Agostinho – um livro de 670 páginas... Bem, busco coisa mais atraente e chocante, jornais e televisão. Parece-me que a imprensa tem um prazer sádico especial: contar os desastres da vida. Um louco joga na terra um avião com 150 pessoas inocentes e a notícia se desdobra por uma semana. Notícias locais fúnebres também se repetem – a Petrobras explode histórias tristes de roubos e corrupções políticas, os conjuntos habitacionais da pobreza metropolitana vão contagiando o Brasil. Não me resisto em entristecer a crônica com coisa pior que desastre de avião na Europa - os desastres nacionais são além dos passageiros do avião. No mais simples e dolorido ponho a campanha governamental pela habitação e conjuntos populares. “Eles” lá de cima não falam, mas o seu projeto e intenção é criar o mais gigantesco curral eleitoral que o Brasil vem conhecer. Milhares, talvez já milhões de casas populares, representam o maior curral que o Brasil conheceu. A ideia é doar aos pobres (tem que ter título eleitoral) sua habitação familiar. Milhares de novos habitantes vêm pensando que com a casa vão receber água - luz - alimentação - educação, saúde e assistência de tudo. Na prática, as coisas são diferentes – muitos marginais e traficantes dominam a praça, a mãe de três filhos vê o marido trocá-la por peça nova, pelo vício de toda espécie. Médico, dentista, hospital, saúde... a fila é enorme e tarde. Uma explicação comum: tem gente demais, o governo dá a casa, mas você que se vire depois. E mande mais conjuntos, ali estarão sempre os interesses políticos e eleitorais, do vereador à Presidência da República. Vícios, roubos e mortes não interessam. Fecho o jornal, desligo a TV... tento dormir sem o sofrimento de pensar.

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