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Marcas do tempo

Dizem que, certa vez, na China questionou-se a nomeação de uma pessoa para exercer

Luiz Cláudio dos Reis Campos
Publicado em 31/03/2015 às 19:30Atualizado em 17/12/2022 às 00:46
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Dizem que, certa vez, na China questionou-se a nomeação de uma pessoa para exercer uma importante função de gestão e estratégia. O nomeado era um ancião. Perguntaram por que foi indicado, já que era tão idoso. Responderam que o ancião fora escolhido pelo fato de que não havia alguém mais idoso que ele. Lá os idosos têm intensa atuação nas decisões dos seus grupos sociais, especialmente nos destinos políticos. São ensinamentos de uma sabedoria milenar de uma civilização que prestigia aquele cuja longevidade é referência e orientação. É considerado um sábio, com todas as honras e respeito. Lançar um atento olhar a esse costume é na verdade um exercício para podermos contribuir para com os mais jovens a entender e assimilar a importância dos mais experientes, buscando referências de vida que contribuam com a formação e visão do mundo. Com certeza, acertariam mais e errariam menos. É tão bom observar um jovem que se inclina por respeito a uma pessoa mais idosa! É tão admirável ver um jovem vibrante que sabe que tem muito que caminhar, mas que já apresenta o devido fôlego embalado pela educação, pelo respeito e pela humildade diante da imensa trajetória que só será possível com o passar dos janeiros! É tão gratificante conhecer jovens que sabem reconhecer a hierarquia, não apenas nas atividades tanto laborais, escolares, mas, principalmente, pela marca do tempo! Jovem não é antítese de velho, é embrião concebido para a maturação necessária. Nada mais desalentador que um jovem arrogante, deslumbrado e prepotente; este, seguramente, desconhece a importância de olhar mais além. Por aqui, em nosso país, fala-se muito em renovação na política, o que muitos entendem como renovar pela idade. Renovar não necessariamente é uma opção pelo mais novo, mas sim pelas ideias e atitudes. Práticas condenáveis podem ser repetidas por jovens e repelidas por alguém que se apresenta e já não é jovem. Temos bons exemplos de jovens que se engajam e demonstram aptidão para inovar e transformar para melhor. Com toda certeza, esses jovens fazem e sempre farão reverência aos idosos e, seguramente, têm algum ou alguns como referência. Não basta ser jovem, é preciso que as antigas ideias e os ensinamentos de conduta sejam presenças constantes. A educação, assim como a humildade e a tolerância, é senhora idosa, que precisa ser respeitada e servir de exemplo.

(*) Engenheiro

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