Aos amigos tudo
Acordei assustado, olhei no relógio passava das oito da manhã. Pensei que tivesse perdido a hora do trabalho. Caí na real: eram 8 da manhã de um sábado. Aproveitei este primeiro dia de outono e continuei deitado, o sol que insiste entrar pela janela do meu quarto ainda parece ser de verão. Ele é teimoso, insiste em brilhar, independente das estações do ano. Sei disso.
Abro o jornal e leio nas primeiras manchetes que a atriz Betty Lago, que luta contra um câncer, foi prestigiar a amiga na estreia de sua peça no Rio. Mesmo careca, devido ao tratamento, disse que “precisava” abraçar a amiga neste dia tão importante.
Deitei mais um pouco, afinal ainda eram 8 da manhã. Lembrei-me então de um amigo, amigo mesmo. Perdeu recentemente a irmã e mesmo com todo abalo que a morte lhe trouxe me respondeu uma mensagem de condolências com uma de esperança, resignação e, acima de tudo, fé: “- Oi amigo, bom dia! Como você está?” “- Eu ’tô bem, estamos bem! Tudo vai passar, Deus está com a gente”, disse ele.
Não sei se diante de tal situação eu estivesse ali de pé, quanto mais sendo tão benevolente e corajoso. Vou mudar na agenda do meu celular seu sobrenome a partir de hoje. Ao invés de Gonçalves, passará a chamar-se “corajoso”. Quero me lembrar disto todas as vezes que ele me ligar chamando pra ir à academia.
Um amigo terminou recentemente um atribulado relacionamento. Sofreu e chorou muito. Mas ele parece ter tirado de todo o mal algo realmente bom para sua vida. Antes de seu rompimento, sempre me acordava com alguma mensagem contando algo ruim sobre sofrimento, lamentação pela situação que carregava nos ombros nos últimos meses. Hoje, não mais. Acordo com ele falando sobre a academia, exercícios físicos, proteína e esteira. De carrasco na sua vida hoje, somente o personal trainner que insiste em aumentar o peso e o número de repetições de suas séries. Perdeu muitos quilos nessa nova fase de sua vida, tirou o peso que carregava consigo, além dos ponteiros da balança. Realmente está mais leve. Ufa!
Vou ser padrinho de casamento pela terceira vez este ano. Em novembro uma amiga vai se casar, conversamos sobre isso outro dia. Disse que estava pensando em mim. Pensando em não se afastar, em manter contato. Porque realmente queria me ver lá ao seu lado na igreja. Chorei enquanto ela dizia aquilo, e avisei que vou chorar no dia. Sei que vou. Falei em tom de brincadeira: “- Espero que pelo menos desta vez o buquê caia nas minhas mãos, de alguma forma”. E eu faço o que nestas horas? Ela disse que vai dar um jeito nisto. Ah, esses meus amigos fazem cada coisa por mim.
