ARTICULISTAS

Adeus a Inezita Barroso

Ao defender a bandeira do folclore e os demais ramos da cultura, Inezita Barroso

João Eurípedes Sabino
Publicado em 13/03/2015 às 20:22Atualizado em 16/12/2022 às 03:35
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“Ao defender a bandeira do folclore e os demais ramos da cultura, Inezita Barroso foi a mulher mais ativa que conheci em toda minha vida”, disse-me Gilberto Rezende, ao sintetizar o perfil daquela que sabia preservar como ninguém as nossas raízes.

Como se não bastasse o abalo que tivemos com a despedida de José Alves dos Santos – José Rico –, no dia 03/03/2015, a dose foi carregada em 08/03/2015, quando vimos apagar a luz de Ignez Magdalena Aranha de Lima – Inezita Barroso. Os que, como eu, não negam a origem e gostam do som da terra, entendem as minhas palavras.

Inezita será imortalizada, não obstante seja imortal da Academia Paulista de Letras. Não haverá quem dela se esqueça devido ao seu grande trabalho desenvolvido com folclorista, instrumentista, escritora, atriz, cantora, compositora, mestra universitária, apresentadora, autora, biblioteconomista, etc. Ronda, Lampião de gás, Marvada pinga, e outras, são músicas que a celebrizaram nos seus 60 anos de carreira.

Com vigor inquebrantável, a paulistana da Barra Funda venceu preconceitos iniciados no seio do lar, quando optou por ser artista. Abdicou de muitas coisas para construir o legado que ora deixa à filha Marta Barroso Macedo Leme, à neta Paula Maia, três netas, aos cinco bisnetos e demais sucessores.

Ao surgir a Jovem Guarda nos anos sessenta, contou ela certa vez que a turma do “É uma brasa mora!” simplesmente ocupou todos os espaços da mídia, obrigando-a seguir novos rumos. Os que têm luz própria sempre acham novos caminhos e com ela não foi diferente.

Muitos violeiros achavam estranho ver uma moça de pele fina penetrar no grupo tocando viola e cantando. “Como pode, nascer na cidade e querer cantar coisa do mato?”, diziam muitos. Ela, com seu carisma, aglutinou amigos e traçou a trajetória para chegar ao programa “Viola minha viola”, que apresentou por 35 anos.

No ano de 2004, Inezita Barroso cantou na Casa do Folclore quando o grande capitão Gilberto Rezende lançou o livro “Poesias do Sertão”. Guti Saad, Tarciso Manuvéi, com o grupo Viola de Nóis, permitiram que Inezita se sentisse em casa. Quanta alegria!

Passados onze anos, aqui estou sem poder disfarçar a minha tristeza diante do adeus a Inezita Barroso.

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