ARTICULISTAS

Projeto de Libertação

Muitas pessoas vivem totalmente aprisionadas em situações desumanas

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 07/03/2015 às 18:59Atualizado em 17/12/2022 às 01:08
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Muitas pessoas vivem totalmente aprisionadas em situações desumanas, em estado de antivida e de empobrecimento. Isto caracteriza falta de libertação, ocasionando sofrimento e realidade de indignidade. É uma situação que pode acontecer no seio de toda comunidade, ficar no ostracismo e na insensibilidade de autoridades e instituições estavelmente constituídas para humanizar a sociedade.

Um projeto concreto de libertação deve ter como base sólida a experiência de Deus como presença libertadora e protetora da vida e da dignidade das pessoas. Numa sociedade libertadora acontece a fraternidade e a solidariedade, fundamentais para a harmonia e a boa convivência comunitária, valorizando cada indivíduo na sua dignidade de ser imagem e semelhança do Criador.

É interessante saber, mesmo em desacordo com a cultura moderna, que “é na fraqueza que se manifesta a força de Deus”. O projeto de libertação de Deus é diferente dos ideais do mundo, que nem sempre têm projetos concretos de libertação. Deus sempre esteve do lado dos mais pobres. Ficou distante dos Faraós e de seus sistemas imperiais egoístas e despreocupados com o bem coletivo.

O caminho da cruz, assumido por Jesus, foi entendido, por judeus e gregos, como loucura e derrota total. Mas Deus transformou a cruz em gesto de sabedoria e caminho de salvação. A compreensão correta desse fato supõe atitude de fé, mas também de conhecimento de toda a prática de Jesus, seus sinais e sua própria vida.

A libertação depende de mudança de mentalidade. Só investe em projetos assim quem toma consciência do bem que precisa realizar. Para isto temos os cursos de formação, principalmente na área Social, no compromisso de fé e política e conhecimento da Doutrina Social da Igreja.

A realização do bem, na realidade atual, é conflitante com os interesses econômicos e políticos de grupos dominantes. Há pouca solidariedade com os pequenos e marginalizados. A prática de Jesus não sensibiliza quem tem seu coração nos bens materiais, dificultando o processo de libertação de todas as pessoas excluídas, fruto da má distribuição dos bens, que são de todas as pessoas.

(*) Arcebispo de Uberaba

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