Na semana passada, uma grave polêmica assolou o nosso país, de Norte a Sul
Na semana passada, uma “grave” polêmica assolou o nosso país, de Norte a Sul: qual era mesmo a cor de um famoso vestidinho listrado que circulou pela Internet durante dois dias, dividindo as opiniões entre os que o enxergavam branco e dourado e outros que o viam azul e preto...
O fato demonstrou o quanto estamos conectados em problemas sem importância e a capacidade da “rede” em mobilizar as pessoas, principalmente para o supérfluo.
Enquanto se discutia a cor do vestido, a atenção dos brasileiros era desviada do aumento da gasolina; da greve dos caminhoneiros com seus produtos perecíveis estragando nas estadas; da questão da PeTrobras tomando o pior rumo possível; da Câmara aprovando e depois revogando o pagamento de passagens para cônjuges de deputados; juízes do Paraná reivindicando pagamento retroativo há quatro anos de auxílio moradia, e Universidades parando por falta de verbas...
Por aqui, assaltos e sequestros relâmpagos proliferando-se à luz do dia. Já não temos local seguro. Eles acontecem na porta do Hospital de Clínicas, na Praça Carlos Gomes e por aí afora. Já não podemos mais deixar uma pessoa nos esperando no carro enquanto compramos um pão na padaria...
Assim como o inventor do avião se desgostou de sua criação, será que os inventores da Net pensaram no mau uso que a mesma poderia vir a ter? Dentro de casa já não se conversa mais; funcionários não conseguem se concentrar em seu trabalho; nos momentos de lazer, cada um se conecta com seu pequeno grande mundo e o que vemos são só dedos digitando ou deslizando nas telas dos celulares, ou então olhares fotografando para divulgar na Net o que seria para deleitar os próprios sentidos e memória!
Qual o limite entre o público e o particular se tudo cai na Net? O prato de comida, a intimidade dos lares, o simples copo de cerveja com os amigos, a internação num hospital e até as intimidades sexuais...
E ai de nós, caretas, quando ousamos questionar esse exagero que está subtraindo desta geração os valores que sustentaram as anteriores.
Se sou contra o progresso? Absolutamente, não! A Net facilita em muito minha vida pessoal e profissional, mas, daí eu me sentir obrigada a permanecer conectada a tudo e a todos durante todo o tempo, me soa como doentio e acrítico.
A propósito, você, que está me lendo e utiliza a internet, qual era mesmo a cor do vestidinho listrado?