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Evolução econômica de Uberaba - Parte VI

Como se observou, e a historiadora anteriormente citada demonstrou, as atividades comerciais de Uberaba sempre foram dependentes de fatores externos

Guido Bilharinho
Publicado em 02/03/2015 às 09:24Atualizado em 17/12/2022 às 01:12
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 Evolução econômica de Uberaba - Parte VI

Como se observou, e a historiadora anteriormente citada demonstrou, as atividades comerciais de Uberaba sempre foram dependentes de fatores externos a elas, ligados à sua posição geográfica que, num primeiro momento, centralizou, concentrou e monopolizou todo o intercâmbio efetuado entre o litoral (Rio de Janeiro e Santos/São Paulo) com o Triângulo e sul de Goiás e de Mato Grosso, principal e notadamente.

Aliás, como Eliane Mendonça reconheceu ao indicar que as alterações havidas na economia uberabense são “explicáveis pelas próprias características da economia desenvolvida pela cidade, pois inserida numa região economicamente dependente, teve seu desenvolvimento ameaçado quando se alteraram as condições que propiciaram o seu surgimento” (op. cit., p. 48). E, ainda, citando Barsanulfo Borges, “a economia de mercado penetrava em regiões cada vez mais distantes criando, assim, uma relação colonial ou de dependência a nível regional, semelhante às relações de dependência a nível internacional” (op. cit., p. 74/75).

Ao se referir à crise da década de 1890, ainda aduziu: “foi uma fase de transição, característica do próprio capitalismo. As regiões dependentes têm sua economia desarticulada quando há mudanças nas bases que propiciaram o seu desenvolvimento” (op. cit., p. 88).

Mais não se precisa dizer. Porém, é de se asseverar diante desse quadro, que se a economia uberabense como entreposto comercial entre regiões distantes foi dependente e foi superada, seja com Goiás por outro entreposto (Uberlândia), seja com Mato Grosso pela ligação direta entre esse Estado e o centro fornecedor (Santos/São Paulo), a economia baseada no zebu (importação direta da Índia, aprimoramento racial, multiplicação reprodutiva e comercialização em todo o país), teve característica exatamente oposta, por adquirir a cidade e região, a direção e condução desse processo.

De inconsistente (como demonstrado) e dependente entreposto comercial receptor e exportador de bens, passou a ser matriz produtora no Mundo Ocidental (e não só no Brasil) de riqueza; além do mais transformadora, já que procedeu à total substituição do até então precário e insuficiente rebanho bovino brasileiro pela raça bovina ideal para as condições climáticas e mesológicas equatoriais e subequatoriais brasileiras.

Conquanto há décadas, o zebu esteja disseminado por todo o país, havendo regiões onde sua criação é relevante, o município de Uberaba e a região detêm não só a primazia como a predominância no aprimoramento e seleção dessa raça bovina, tanto por estar a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu – ABCZ sediada na cidade, quanto, também, por seus próprios criatórios. (Continua.)

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