ARTICULISTAS

Os malefícios da esmola

Sempre tive minhas inquietudes quanto ao ato de dar esmolas e, desde criança

João Eurípedes Sabino
Publicado em 27/02/2015 às 20:24Atualizado em 17/12/2022 às 01:15
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Sempre tive minhas inquietudes quanto ao ato de dar esmolas e, desde criança, vejo-o com uma indagaçã está certo o "fazer o bem sem olhar a quem?".

Nos albores dos meus vinte anos, tiniu-me nos ouvidos quando ouvi dizer que o bem, por atender à Lei de Caridade, não deve morrer em quem o recebe. Li e compreendi que devemos sim olhar a quem fazemos a caridade. A doação será infrutífera se o que doamos não for além do receptor.

"Ensinar a pescar e não dar o peixe", frase milenar que tanto falamos e hesitamos em cumpri-la. "NÃO DÊ ESMOLAS", slogan inteligente que muitas cidades divulgam e o levam ao desuso, tão logo mudam os governos. Nos cruzamentos há um contrassens o tal slogan, os pedintes e até malabaristas.

Acompanho há anos uma pessoa de mínimas posses materiais que me revelou: “A esmola esconde o seguinte: quem a recebe carrega o inconformismo por se submeter a tanto e quem dá, que é a imensa maioria, o faz para ficar livre”. Os que não haviam pensado nisso observem para comprovar.

Digamos que sou abordado por uma pessoa dizendo-se faminta e vejo que por trás dela está a necessidade de saciar o vício do álcool ou das drogas. Cabe-me questioná-la sobre o que vai fazer com o dinheiro a ela doado? A situação é delicada, posto que, se doei a um mitômano, está doado e fim. O importante é que, nessa transação, eu me sinta feliz por estar na condição de doador, porém preocupado com o meu próximo. Quanto ao dinheiro dado, sei que ele não tem dono e só muda de mãos.

Outro ingrediente da esmola: os seus ganhadores sem saber nutrem pessoas que, no fundo, não os querem ver melhorados. Conclui-se, portanto, que em se extinguindo a mendicidade, muitos privilegiados terão o mesmo fim. Ou seja, a carência extrema de uns é o fator que promove ou até enriquece a muitos.

Tomando como referência o artigo “Ser marginalizado”, de Dom Paulo Mendes Peixoto - arcebispo de Uberaba/MG -, aqui publicado no dia 14/02/2015, vale destacar a sua assertiva: “Os pobres não podem continuar sendo objeto de presentinhos de políticos em vésperas de eleições”. Cabe a pergunta: Deus aprova ou reprova a esmola?

Eh... vejo que não estou sozinho em minha tese de que a esmola e seus periféricos são perniciosos. O ideal seria que eles não precisassem existir.

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