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Política

Política na Antiga Grécia, país que deu origem ao termo, remetia-nos às cidades-estados

Márcia Moreno Campos
Publicado em 22/02/2015 às 13:38Atualizado em 17/12/2022 às 01:19
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Política na Antiga Grécia, país que deu origem ao termo, remetia-nos às cidades-estados (pólis), significando a capacidade de governar e administrar os interesses dos cidadãos. Hoje, não consigo entender e aceitar o significado que é dado ao termo. Política virou um fim em si mesmo. Chamam de bom político aquele que transita bem entre os inúmeros partidos; que consegue ser oposição hoje e aliado amanhã do mesmo governo; que xinga, processa, declara publicamente inimizade e depois abraça, acaricia, dá tapinha nas costas nos outrora inimigos, atuais amigos de infância. Distante, cada vez mais, dos interesses daqueles que fizeram dele, através do voto, um político. O político do nosso tempo não precisa saber administrar, tampouco ser leal aos seus princípios e valores. Coerência não lhe é cobrada. Ele só precisa se manter atento às conveniências, mudando de lado quando necessário for, para não perder de vista, em tempo algum, as glórias do Poder. Quando vemos uma ação que aparenta ser nobre, tipo um partido político barrar um projeto polêmico e prejudicial do executivo, logo descobrimos a causa de tamanha nobreza: o partido não está satisfeito com os cargos a ele destinado pelo governo. E o povo concorda, reverencia, defende nas mesas de botecos, alardeando de forma inflamada que aquele tal político é bom, porque pelo menos fez alguma coisa, apesar de tudo. Como se não fosse essa a função dele, fazer alguma coisa, na tentativa de justificar seu salário e verbas e, claro, garantir a próxima eleição. Estou generalizando apenas para explicitar o sentido macro da palavra, pois acredito que existem ainda os raros e bons políticos. Não concordo é com a conotação que é dada hoje, aplaudindo conchavos e alianças em detrimento de planejamento, execução, gerência e peito para fazer o que tem de ser feito, sem se importar se o projeto atrai votos ou não.

É notório que nós, seres humanos, somos passíveis de erros. Alguns erram mais que os outros, mas todos erram. E, para que possamos nos aperfeiçoar, precisamos de atritos, de opiniões divergentes e verdadeiras. Mas na Política não é isso que acontece. Políticos se cercam de bajuladores cuja função precípua é elogiar o chefe. Compram aplausos, banindo os dissidentes com suborno ou censura, e pagam vultosos valores por propagandas vazias. Acho que toda opinião contrária ou crítica construtiva deve ser ouvida, senão, até acatada. Como eleitores, devemos exigir respeito e coerência. Quando votamos, escolhemos aqueles que mais se identificam com nossos princípios e valores, e não podemos aceitar práticas com as quais não compactuamos. É como comprar um produto que nos foi apresentado de uma forma e depois descobrir que fomos enganados. Nesse caso, temos os Procons para nos socorrer. E na política, como ficamos? Urge uma reforma do nosso sistema atual, mas não essa que está em curso no Congresso. Falo de reestruturação, reinvenção, mudança corajosa, no interesse da coerência e da administração pública. Mas confess minha esperança diminui cada dia mais.

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