ARTICULISTAS

Galeio, Barriga e Fila do Meio

Márcia Moreno Campos
Publicado em 08/02/2015 às 15:16Atualizado em 17/12/2022 às 01:31
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 O carnaval se aproxima. Festa popular, alegre, irreverente, colorida e barulhenta. Entro no ritmo, e com muito humor, presa no trânsito de Uberaba, faço minhas marchinhas e observo. Nossa cidade cresceu em número de habitantes e de carros nas ruas. Pelo que li um tempo atrás são quase dois carros por habitante, sem contar as motos e bicicletas. Tudo isso em um espaço não programado que foi se expandindo conforme a necessidade, conservando como todas as outras, seu centro tímido e estreito. Mudou Uberaba, mudou o trânsito, mas permaneceram os antigos hábitos.

Chamo de galeio aquela voltinha que o carro dá para trás quando vai sair de um sinaleiro. Abriu o sinal, se você estiver atrás, cuidado, porque vem o galeio. Barriga é a abertura que o motorista faz quando vai virar à direita e, lembrando os antigos ensinamentos das autoescolas, primeiro vai para a esquerda para depois virar, formando assim, na minha ótica irônica, uma barriga. E fila do meio, dispensa explicação. Temos duas faixas, a da esquerda e a da direita, mas muitos teimam em andar no meio, atrapalhando todos os outros que querem ultrapassá-lo.

Tudo isso sem contar os “donos da rua” que param no meio dela para deixar ou pegar passageiros, estacionam em garagens, falam ao celular dirigindo, andam a 10km por hora sempre na esquerda, pouco se importando com os outros, no maior estilo “dane-se o mundo”. Paciência, é o que todos me dizem. Quando em 2008 recebi por telefone a notícia de que minha mãe estava tendo um infarto, saí apressada de casa para socorrê-la e simplesmente um carro parado no meio da rua tentando entrar numa garagem me impediu a passagem. O motorista desceu do carro lentamente para abrir a porta da garagem e ainda fez um gesto para eu passar por cima, diante da minha impaciência. Conto isso para ressaltar que nem sempre nossa pressa é fruto apenas da correria diária.

Hoje Uberaba experimenta uma mudança radical no trânsito. O sistema binário agora adotado por aqui é o melhor, o mais lógico, e aceito em todos os lugares. Palmas para as mudanças. Ficamos mais racionais. Porém, acredito que todos os projetos quando nascem precisam de ajustes ao serem testados, e espero e confio que as autoridades locais saberão promovê-los sempre no interesse da população. O trânsito precisa fluir. Comerciantes precisam ser respeitados e os motoristas educados para a nova realidade. Falo em educação e orientação e não em multa que é o meio mais fácil e rentável de se fazer valer a lei. E nós, motoristas precisamos cooperar porque senão nada vai dar certo. Chega de galeio, barriga e fila do meio. E abre alas que eu quero passar!!!

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