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Somos todos iguais

Fico por vezes imaginando se aquelas criaturas realmente são mais inteligentes do que todos nós?

Manoel Therezo
Publicado em 05/02/2015 às 16:49Atualizado em 17/12/2022 às 01:33
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Somos todos iguais

 Fico por vezes imaginando se aquelas criaturas realmente são mais inteligentes do que todos nós? Mesmo nada encontrando que me convença, volto a imaginar como conseguiram, então, construir um mecanismo que num simples apertar em um botão, o portão se abre e se fecha? Da mesma forma, muda-se de canal na televisão. Também, quando se dedilha algumas teclas numeradas numa pequena caixa, a operação que se deseja se efetua em espantoso tempo. Fico ainda me interrogando, como em um espaço tão reduzido, num circuito que sequer consigo imaginá-lo, conseguem tantas operações como se as têm no computador, no celular e noutros similares?

Mesmo assim, com tantas estranhas e admiráveis coisas, volto a me perguntar se realmente serão mais inteligentes do que eu, do que você, do que todos nós? Sempre ouvimos que aqueles que legaram ao mundo inventos e descobertas foram criaturas com inteligência privilegiada. Mas ao pé da análise pura e simples, não por esse fato, mereçam a rotulação de grandes inteligências porque se sabe de inventos e descobertas que tiveram seus berços na casualidade, nada exigindo da mente. Não se está, por isso, diante de uma Inteligência maior que outras e, sim, diante de uma criatura que se definiu a fazer especificamente tão só aquilo.

Hoje, esse “especificamente tão só aquilo” tem sido denominado de “Especialidade”, procedimento que se despertou quando Anderson, um (americano) proprietário de uma fabricação manual de agulhas, observou que em algumas delas, as pontas eram mais bem feitas que noutras. Acabando por descobrir o homem que as fazia, determinando-lhe, então, que cuidasse apenas daquela parte. Nascia assim, o “Homem Especializado”, não o “Homem Inteligente”.

Aquelas criaturas especializadas em determinado segmento, acercam-se de constantes informações atualizadas que lhes permitem dominar o terreno de sua atividade, com linguagem diferenciada, parecendo-nos inteligente. Não se as têm por isso, que sejam mais inteligentes que eu, que você, que todos nós. Será que Albert Einstein, a mais recente inteligência conhecida em nosso tempo, sem vivência com a eletrônica, saberia montar aqueles circuitos que abrem e fecham portões, que mudam os canais nas televisões? Lógico que não... Cada qual no mundo de sua atividade. Mesmo aquela criatura que necessita de mais tempo para assimilar o que outras já assimilaram, não será por isso menos inteligente.

A Biologia não aponta essa lenta assimilação à falta de inteligência, e sim à falta da exercitação mental. Noutros momentos, ela, a Biologia, considera que todos os órgãos dormidos ou pouco exercitados, tendem à acomodação ou mesmo até, à atrofia. Aquele que fabrica os circuitos que abrem e fecham portões, que mudam os canais na TV, que efetuam operações matemáticas diversas, vive no mundo da eletrônica – sua Especialidade, desconhecendo o mundo d’outros, quando então; o sapateiro não entende de ponta de agulha; o eletrônico não entende as coisas do médico; o médico não entende daqueles circuitos – mas, somos todos iguais, quando cada qual no mundo de sua atividade.

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