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Viva com vivência

Abro o portão. Depois de um dia de trabalho estafante, encontro na casa da minha mãe o refúgio

Fernando Hueb de Menezes
Publicado em 29/01/2015 às 09:20Atualizado em 17/12/2022 às 01:40
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 Viva com vivência

 

Abro o portão. Depois de um dia de trabalho estafante, encontro na casa da minha mãe o refúgio. O semblante carregado escancara na minha face o aborrecimento. Sentada à mesa redonda da varanda, lá estava ela, tranquila, apesar das intempéries da vida. Com toda a sutileza, vem logo a indagaçã “O que houve meu filho, está tudo bem?” Aproveito a deixa e descarrego todas as minhas angústias.

A dificuldade de me relacionar com uma pessoa é o foc “Mãe, não suporto mais encontrar com o Fulano. Sujeito falso e arrogante, vem com aquele sorriso irônico, mas pelas costas sempre tenta me prejudicar.” De imediato, a réplica: “Releva, meu filho! Pessoas assim, não merecem o nosso sofrimento. São dignas de dó e devem ser perdoadas.” Ainda não satisfeit “Mas mãe, ele é um arrogante, será que não percebe o quanto está sendo pernicioso?” Sem titubear, com sua voz calma e doce, a ponderaçã “Não podemos esperar das pessoas aquilo que elas não podem nos dar. Nem todo mundo tem a sua sensibilidade. Como dizia seu pai, conviver é a arte de engolir sapos!”

Não posso afirmar que seja fácil. Somos instáveis. A instabilidade emocional é própria do ser humano. Quantas vezes, sem nenhum motivo relevante, acordamos insatisfeitos, negativos ou agressivos. Parece que a noite foi pesada. Nesses dias, precisamos ser ainda mais cautelosos. Cuidar do nosso espírito e atrair boas energias. Um sorriso, uma palavra de carinho, um gesto... Atitudes que podem transmutar nossa alma.

Talvez o segredo da boa convivência esteja no entendimento de que cada indivíduo apresenta traços peculiares de caráter e personalidade. Compreendendo a abordagem de minha mãe, não podemos agir por impulso ou nos deixarmos levar pela raiva momentânea. O arrependimento logo virá, bem mais intenso do que a ilusória sensação de extravasamento. Mesmo que o tempo suavize as rusgas, o estrago pode ser irreparável.

Nunca é tarde para reavaliarmos nosso comportamento. Creio que devemos, a todo instante, buscar equilíbrio e serenidade. A inteligência emocional deve ser aprimorada, pois em muitas situações se torna mais valiosa que a própria capacidade intelectual. Somos capazes de criar e recriar a nossa trajetória, desde que estejamos conscientes de nossas deficiências. Nossa vida pode ser mais leve!!! Façamos de cada amanhecer uma nova oportunidade de transformação interior, alicerçada nos desígnios de Deus.

Fernando Hueb de Menezes – Professor e Pesquisador da Universidade de Uberaba.

Chefe de Gabinete da Prefeitura de Uberaba. E-mail: [email protected]

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