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Manipulação política: artificialidades ideológicas

É inegável a insatisfação brasileira com o Brasil atual na sua política econômica, estratégia de segurança populacional

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 28/01/2015 às 09:17Atualizado em 16/12/2022 às 03:40
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 Manipulação política: artificialidades ideológicas

É inegável a insatisfação brasileira com o Brasil atual na sua política econômica, estratégia de segurança populacional, definições educacionais, posicionamento exterior americano e mundial, cuidados na saúde e bem estar social.

Basta se dispor a ouvir que os depoimentos plenos de emoção e conteúdo vivencial se apresentam, seja na fala de uma das últimas vítimas de assalto em São Paulo ou dos motoristas que circulam diariamente pelas cidades acompanhando de perto as catástrofes pessoais e sociais do cotidiano.

No seu desabafo, a vítima revelou indignação com a corrupção política atual e o afrouxamento das leis de reclusão que libertam 2000 presos no fim do ano, dando-lhes a chance de assaltar e matar os cidadãos que se empenham em manter a economia do país em movimento, como ele mesmo.

Dos outros, a revolta com os impostos e carestia utilizados para manutenção das várias bolsas-auxílio responsáveis pela inércia estatizante dos beneficiados! Tudo isso feito em nome de uma política que apelidamos erroneamente de democracia, pois o que realmente existe não é a representação do povo nas câmaras decisórias, mas sim uma vergonhosa relação de compra e venda de votos que assegurem o poder de poucos se transformando, outrossim, na indignidade máxima contra o poder democrático.

Para Vallejo-Nágera, o líder nato o é porque tem todo o seu ser impregnado da paixão de mandar e, com ela, atinge uma condição quase fanática de empenho para o contágio do seu ideal e uma disposição a sacrificar tudo para consegui-lo e, automaticamente impô-lo.

Não basta o talento, nem as condições pessoais; é preciso uma motivação tão carregada emocionalmente que ultrapasse as premissas racionais – o que representa um perigo constante de sair do razoável.

Por outro lado, o que impulsiona as massas a se unirem à volta de um homem e submeterem-se aos seus ditames? Basicamente a projeção dos seus desejos na pessoa do líder e a esperança de que este os satisfaça.

Esses desejos, que podem estar conscientes, polarizam-se em procura de segurança ou ressentimentos e desejos de vingança. Por eles, os indivíduos obedecem ao líder para se sentirem protegidos; ou unem-se e obedecem para serem mais potentes na agressão.

Se o eleitor vota como um telespectador-consumidor da política, a sua mercantilização pelos profissionais da publicidade, os transforma em produtos a serem consumidos, por exemplo, no café da manhã.

Assim podemos ser enganados pelo chamariz artificial de um carisma inventado pelos criadores de uma imagem política, que montada sobre uma personalidade débil, desmoronará nos momentos de crise como veremos posteriormente.

Ilcea Borba Marquez – psicóloga e psicanalista

e-mail – [email protected]

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