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Apagão

Publicado em 25/01/2015 às 16:29Atualizado em 17/12/2022 às 01:42
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João era funcionário de uma empresa. Dele se esperava eficiência e dedicação. Contudo, não foi isso que se viu. João se mostrou mal intencionado, incompetente, inadequado para o cargo que ocupava. Ao demiti-lo, seu patrão ouviu de João a seguinte proposta: “para pagar o prejuízo que lhe causei, você aumenta os preços dos produtos, eleva meu salário e eu te repasso esse valor, contrata uma boa agência de publicidade para enganar com música e artifícios os consumidores, e deixa tudo como está.” Surreal? Nada. É o que está acontecendo no Brasil. Nós estamos pagando a conta da incompetência, da corrupção, da ignorância de muitos. Tivemos mais um apagão de energia elétrica devido ao excesso de demanda frente à escassez de oferta. Pura falta de planejamento e de vergonha na cara. As usinas que foram projetadas para suprir a demanda serviram de manancial da corrupção. Ao invés de jorrar água, o que jorrou foi dinheiro para alimentar partidos políticos, campanhas sujas, pessoas inescrupulosas. Atrasos, sobrepreços, consequências. Pagamos nós.

Nenhuma eficiência foi mostrada pelo governo federal também em outros setores, como o controle do déficit público, a saúde e a educação. Não obstante, o governo foi reeleito e a conta é nossa, com a velha receita de aumentar impostos, restringir crédito, deixar de crescer. A presidente do povo vetou a correção da Tabela do IRPF, impondo com isso um aumento abusivo do imposto ao trabalhador assalariado, pilar do Partido dos Trabalhadores, além de cortar a pensão das viúvas. Elevou ainda, impostos que incidem sobre combustíveis e a Petrobrás, altaneira, já avisou que vai repassar esse aumento aos consumidores, porque afinal de onde ela vai tirar dinheiro para superfaturar contratos, para pagar salários milionários aos seus, para irrigar a corrupção?

Apagão. De valores, de moral, de verdade, de competência. Proponho um cerco. Trocar as passeatas que se tornaram violentas e infiltradas, pelo cerco a todos os políticos, estejam onde estiverem. Ao saírem às ruas, vamos cercá-los e exigir respostas. Não vamos deixá-los andar sem que se comprometam com os interesses do povo. Cercá-los de forma pacífica, sejam executivos ou membros do poder legislativo, sem exceção. Tirá-los da zona de conforto. Trocar a reverência que fazemos a eles, pela cobrança. Porque afinal, para debelar qualquer crise nunca se pensou em reduzir seus salários e nem se cogitou em diminuir o número dos ministérios. Nós pagamos a conta. Sempre. Caladinhos, cordatos. Chega de apagão de consciências. Somos tão severos em nossos julgamentos pessoais e tão lenientes com os políticos. Lembram-se do João? Você o contrataria?

Márcia Moreno Campos

23 de janeiro de 2015.

 

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