ARTICULISTAS

Cúmplices silenciosos da corrupção

Tal qual na Alemanha Nazista também aqui ninguém está livre de ser responsabilizado

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 14/01/2015 às 19:20Atualizado em 16/12/2022 às 03:41
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Tal qual na Alemanha Nazista também aqui ninguém está livre de ser responsabilizado pelo tsunami aterrorizador de corrupção que assola nosso país. Em 2014 – data em que se comemora o Primeiro Centenário do início das hostilidades que deflagraram a Primeira Guerra Mundial – muitos títulos foram editados e dentre eles: Lower Wendy – As mulheres do Nazismo - Ed Rocco. Assim, distanciados pelo tempo, pudemos refletir a partir dos relatos e opiniões autorais sobre o conjunto de ações atrozes desenvolvidas por todos aqueles presentes nos cenários beligerantes, nos quais, evidentemente, não faltaram figuras femininas em todos os seus papéis: enfermeiras, professoras, secretárias, assistentes sociais, esposas e amantes. Todas elas contribuíram com mais do que o conforto de carrascos ou pela atuação no estendido aparelho burocrático onde as ordens de execução em massa eram eficazmente datilografadas, enviadas e recebidas; ou ainda se beneficiando dos saques de bens e invasões brutais nos espaços privados daqueles que politicamente perderam seus direitos humanos fundamentais. Estavam também presentes em piqueniques nos campos de extermínios, não apenas como responsáveis pela preparação e distribuição da comida aos oficiais, mas também fazendo parte dos assassinatos em curso.

Se a democracia se assenta na liberdade política dentre outras (liberdade de expressão e liberdade de criação) que implica a multiplicidade de partidos políticos, livres para expressar a gama de opiniões possíveis e que podem ascender à direção do Estado pelo voto, em condições pacíficas e regulamentadas dos eleitores, há muito que nos distanciamos deste ideal a ponto de sermos continuamente convocados às ruas para a expressão das nossas necessidades que os numerosos, permanentes e bem pagos representantes não defendem. Estas convocações, nascidas das lideranças políticas em vigor, explodem com o princípio fundamental do espírito democrático onde o povo deveria ser verdadeiramente representado pelos seus líderes: vereadores, deputados e senadores... Atualmente, os concretamente ausentes das devidas câmaras, ou seja, o povo precisa se apresentar empunhando sua bandeira em passeata, manifestando objetivamente suas necessidades e seus conflitos. Os outros estão confortavelmente instalados num esquema vergonhoso de compra e venda de votos e opiniões, totalmente isolados daqueles que os elegeram. Mais interessante é perceber que a perda de uma eleição, fruto da decepção dos anteriores eleitores pela má atuação parlamentar, gera a indicação suprema para os mais altos cargos políticos compondo, assim, o seleto grupo de ministros, chefes de gabinetes, presidentes de estatais e muitos outros cargos de mando reconhecido – a cabeça da nação! Isso é o avesso democrático!

(*) Psicóloga e psicanalista [email protected]

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