“Je suis Charlie”. Essa é a frase gritada em Paris e no mundo após o atentado ao jornal francês Charlie Hebdo por extremistas islâmicos, matando doze pessoas, sendo oito cartunistas que usavam do humor para criticar tudo e todos mundo afora, com irreverência e coragem. “Eu sou Charlie” é uma manifestação de apoio, de solidariedade, de indignação, por aqueles que, como eu, são contra a violência, o preconceito, a discriminação e a censura à liberdade de expressão. O mundo não pode se curvar à ideologia capenga, ao extremismo doente, à dissidência disfarçada de patriotismo. Tudo começa com divisões de credos, crenças, cores partidárias, alimentadas por falsos líderes que se locupletam da ignorância do povo e não conseguem prever a dimensão dos seus atos irresponsáveis. Por que isso? A humanidade não aprendeu ainda, depois de tantas tragédias, holocausto, guerras sangrentas? Somos seres humanos e ponto. Devemos respeito uns aos outros. Extremismo sai do caminho do meio, pilar do Budismo e cerne do bom senso.
No Brasil, observo com apreensão essa pseudo divisão entre esquerda e direita, pobres e elite, tão fomentada pelos últimos governos, e que só serve para criar um monstro capaz de confundir, enfraquecer, gerar conflitos fúteis e perigosos. Por ideologia perdoa-se corruptos e condena-se opositores.
Tolerância e limite são palavras a serem gritadas e praticadas em todos os cantos do Planeta. A começar dos pequeninos que estão em formação e herdam dos pais os sentimentos de amor ou ódio ao semelhante. O que me assusta hoje no mundo é a desproporção entre a reação e o estímulo. Armas reagindo contra canetas. Morte contra humor.
Espero que um dia prevaleça no mundo o ensinamento que nos foi transmitido há tanto tempo e que, encerra em si, o sentido da vida: “amai-vos uns aos outros”. Parece simples, mas a cada dia fica mais esquecido e distante.
(*) Economista
