Prova de vida

No fim do ano, 31,1 milhões de beneficiários ativos da Previdência Social foram bombardeados com o aviso de que quem não renovasse a prova de vida poderia perder o benefício. Como dois milhões ainda não haviam feito o recadastramento, os bancos ficaram superlotados em 31 de dezembro.

Felizmente, os experientes funcionários das agências bancárias conseguiram acalmar a enorme fila de aposentados e pensionistas, verificando a data da última prova de vida e analisando cada situação. Quem já havia renovado a senha em 2014 deveria voltar a fazê-lo somente no mês do aniversário, no ano subsequente, portanto, agora em 2015. Quem, de fato, ainda não havia regularizado a situação, uma vez atendido no caixa, recebeu o comprovante com os dizeres: “sua prova de vida foi realizada com sucesso”.

A providência da Previdência de adoção da prova de vida significa enorme economia para os cofres públicos, pois objetiva evitar o pagamento de benefícios indevidos e fraudes. A medida, portanto, protege aposentados e pensionistas e, de forma geral, todos os que pagam impostos. Talvez tanto trabalho fosse desnecessário se houvesse integração entre todos os serviços, o que faria com que os bancos recebessem imediatamente o comunicado do falecimento de beneficiários. Mas ainda estamos aprendendo a lidar com o compartilhamento de informações e com os benefícios que ele é capaz nos de proporcionar.

Antes do procedimento hoje obrigatório, alguns familiares (ou não) do beneficiário podiam continuar recebendo o benefício por vários meses após o falecimento do titular. No país do jeitinho sempre houve quem agisse em proveito próprio, valendo-se de brechas do sistema.

Na verdade, nenhum benefício seria cancelado por falta de renovação da prova de vida; apenas suspenso até que a situação fosse regularizada. O anúncio desse detalhe pela mídia poderia ter evitado o estresse que viveram funcionários e população, com a correria incomum aos bancos, no fim do ano.

Infelizmente, a medida não acaba com as fraudes, pois os malandros sempre inventam novos truques quando o assunto é tirar dinheiro dos cofres previdenciários. Uma vez mais é possível afirmar que, em qualquer momento, inclusive neste, alguém está metendo a mão no dinheiro da Previdência.