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E agora, o que virá?

Já está fazendo parte da rotina do brasileiro, ninguém se importar mais com o que acontece

Maria Aparecida Alves de Brito
Publicado em 30/12/2014 às 18:44Atualizado em 17/12/2022 às 02:03
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Já está fazendo parte da rotina do brasileiro, ninguém se importar mais com o que acontece de bom ou ruim com o seu próximo. Vidas estão covardemente sendo perdidas de hora em hora e isto não faz parte do caminhar natural da humanidade. A banalização da vida tornou-se corriqueira, até começar a atingir a vida dos homens públicos desse país. Tem sido historicamente assim. Repentinamente as coisas no Brasil tomaram um rumo confuso, e nós, sem querer, vamos nos acostumando, pois já não há um parâmetro que diferencie o certo do não certo. O que se percebe é que a dor é sentida, é amarga apenas na família que teve a vida de um filho ceifada tão precocemente, e que já não terá mais a sua presença sentida em tantos momentos felizes e importantes de suas vidas. Isso acontece também com a saúde, com as pessoas que são tratadas como se estorvo fossem, tal é o descaso. Não há dinheiro para a compra de medicamentos, pois este escorreu todo pelos tantos ralos espalhados pelo país, como o mensalão, o mensalinho, a Petrobras. E falando em Petrobras, o que aconteceu ali foi alguma coisa inexplicável e inacreditável. Até onde vai a coragem dos homens e mulheres que estão, porque nada é permanente, gerindo este país. E pior, com o nosso consentimento, a partir do momento que a tudo assistimos sem nos manifestarmos, e diz o ditado que quem cala consente. A palavra milhão para eles ficou démodé. O que vale agora são os bilhões despejados nas contas de doleiros, laranjas, construtoras que dividem entre si quem fará parte desta ou daquela licitação. Compram, com o dinheiro daqueles pobres miseráveis que se encontram, agora mudou-se a terminologia, para ficar menos impactante, na zona de insegurança alimentar. Aquelas pobres pessoas que comem o que encontram nos sacos de lixo. Daqueles que não contam com um banheiro dentro de casa, onde em um quarto dormem até seis pessoas, onde o esgoto passa quase que dentro do seu barraco construído no terreno de algum milionário, que num simples estalar de dedos põe tudo abaixo, deixando ao relento toda uma comunidade. Se formos desfolhar, desenrolar, todas essas histórias adormecidas nas nossas memórias, perceberemos que sempre foi assim, neste país com leis datadas de 1930 e que só não muda, porque o feitiço virará contra o feiticeiro. O cidadão comum não analisa, não comenta, não toma uma posição, ninguém contesta. Comodismo, interesses próprios. Enfim, simplesmente fechamos os olhos, tapamos os ouvidos, pois sabemos que tudo vira nada. Parece que o povo foi tomado pelo sentimento de ojeriza quando o assunto é política. Dar uma opinião pode não significar nada, além de um comentário superficial, mas pode, ao contrário, tomar grandes proporções e mudar o rumo das coisas neste país tão grande, tão belo e com um povo tão trabalhador, criativo e inteligente, mas tão sem consciência política.

(*) Pedagoga, Especialista em Educação Especial

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