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Exemplo eloquente

Ligo a televisão e vejo uma reportagem mostrando frondosas mangueiras em fase produtiva na Avenida

João Eurípedes Sabino
Publicado em 28/11/2014 às 11:00Atualizado em 17/12/2022 às 02:30
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 Exemplo eloquente

Ligo a televisão e vejo uma reportagem mostrando frondosas mangueiras em fase produtiva na Avenida Alexandre Barbosa, em Uberaba. Dois moradores do local, Lázaro e Roberto se identificaram como sendo os plantadores de duas delas; uma da espécie Sabina e a outra Bourbon. O plantio das mais de quarenta vistas ali parecia estar no anonimato quando, na reportagem, a dentista Dra. Daniela Silveira Tavares foi apresentada como a autora, junto a seu pai Fernando Tavares.

Não poderia haver melhor homenagem ao agrônomo Alexandre Barbosa, que teve grande chácara experimental ali na antiga Rua Caçu, hoje avenida identificada com o seu nome. Eis o que coletei do jornalista Roberto Capri em Revista de 1914 sobre nossas mangas e pomares: “Um desses pomares, o da Chácara das Mangueiras, rua Cassú-25, propriedade do Sr. Alexandre Barbosa, contém mais de 3.000 mangueiras das mais apreciadas qualidades, muitas enxertadas e outras de sementes vindas diretamente da Índia. Das mangas desta chácara as mais apreciadas são as deliciosíssimas Sabina...”.

Portanto, esclarecido está que Alexandre Barbosa há mais cem anos cultivava a manga Sabina, cujo sabor, sem desmerecer o das demais, é a “cara” de Uberaba. Os nascidos aqui e que, por circunstâncias, partiram do torrão natal, sabem que essa “cara” chama-se saudade.

E para completar, vejo na mesma reportagem a odontóloga mencionada com o esposo Marcelo Assunção Valentino, seu filho Lucas, 7; os amiguinhos; Luige, 8, e Bianca,5, dando o bom exemplo de plantarem mudas de mangas em nossa Univerdecidade. Enquanto “notáveis” dilapidam o meio ambiente e posam de heróis, crianças nos ensinam que cada um fazendo a sua parte, todos saem beneficiados. A fauna e a flora agradecem.

O meio ambiente, apesar de ser meio, não pode ser tratado pelas metades. Não há como feri-lo sem ferir ao mesmo tempo as duas metades que o compõem. São reflexões que me fazem mais uma vez usar as palavras do poeta Zé Ninguém: “Nas criança eu ponho fé / Nos marmanjo arguma esperança / Devia juntá nóis e todo mundo / Pá brecá essa ganança!”. As crianças vistas na reportagem, mesmo sendo tão pequenas, mostram ser grandes e estão à frente do seu tempo. Elas tratam bem as duas partes do meio ambiente, não as agridem e mostram que a ganância geral deve ser freada antes que seja tarde.Não há exemplo mais eloquente.

 

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