ARTICULISTAS

Despedida de um amigo

Há poucos anos, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) exigiu de operadoras

Mário Salvador
Publicado em 25/11/2014 às 19:46Atualizado em 17/12/2022 às 02:33
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Há poucos anos, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) exigiu de operadoras de telefonia que instalassem mais telefones públicos, facilitando a vida de usuários. Agora, noticiários mostram que, com a popularização do telefone celular, o orelhão ficou no escanteio. E também podem estar com dias contados os telefones fixos residenciais. Em fichas de cadastro em estabelecimento comercial ou consultórios, além de um número de telefone fixo, pede-se um de celular.

No Brasil, a queda no número de ligações de orelhões está levando a Anatel a desativar cerca de quinhentos mil deles, o que corresponde à metade do total. Alguns já foram para o depósito, restando no chão apenas uma marca no lugar onde se encontravam, pequena cicatriz com tantas lembranças.

Em um filme de ação que nos marcou, o protagonista precisa correr para chegar a um telefone público distante. Na ligação que recebe, é instruído a seguir até outra cabine... Assim desenrola o enredo do filme. Mesmo tendo tido relevo no cinema, os telefones públicos têm sido desativados no mundo todo. Em Londres, por exemplo, as conhecidas cabines vermelhas de telefones desativados estão sendo vendidas como suvenir.

“O Amigo Orelhão”, texto de nossa autoria, desde 2006 ocupou espaço nas listas telefônicas de Uberaba - Guia Sei e Lista Sabe, da Algar - tendo atingido seiscentas mil reproduções. Como acontece com as crônicas, aquela sinalizou uma época; vivemos uma nova temporada. Entretanto, por um período, haverá ainda orelhões em muito recanto, até que sejam também recolhidos, como já o foram os da rua onde moramos.

Deixamos nosso adeus e agradecimento ao inesquecível companheiro orelhão pelas vezes em que nos valeu: no princípio, com fichas; depois, com cartões; no sol ou na chuva; em todo tempo e lugar, proporcionando-nos um serviço no qual ele era insubstituível. O orelhão original deixará de atuar no seu antigo palco, contudo, ao menos por enquanto, continuará funcionando na consagrada expressão “cair a ficha”, que sabemos explicar com propriedade e uma certa nostalgia às novas gerações.

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