Adib Jatene

Era o dia 27/09/2008, data em que tomei posse na cadeira 32 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro nos auditórios da Associação Comercial e Industrial de Uberaba. Antes fui votado pelos meus honrados pares, quando passei por um processo transparente de votação.

Naquela solenidade estavam à mesa dos trabalhos: o acriano e “filho ilustre de Uberaba”, Dr. Adib Jatene; o presidente Mário Salvador, a acadêmica Terezinha Hueb de Menezes, os também ingressando José Humberto Henriques e Consuelo Rezende do Nascimento; o não menos imortal da Academia Brasileira de Letras Antonio Olyntho Marques da Rocha e eu. Na plateia; vários acadêmicos, nossos familiares e amigos.

Quando a presidência me convocou para assinar o Termo de Posse, minha caneta emperrou. Adib Jatene, com a humildade própria dos maiores, se dirigiu a mim e me cedeu sua caneta de ouro para que eu assinasse o documento. Depois agradeci a João Gilberto por trazer seu especial amigo a Uberaba para dar brilho diferente àquele evento.

Focalizei profundamente Adib Jatene quando ele fazia uso da palavra e captei a sua preocupação quanto aos rumos da Medicina. Lembrei-me da trajetória do jovem médico em Uberaba nos anos cinquenta, marcada por notáveis engenhosidades. Ao seu lado sempre estiveram os amigos Francisco Lopes Velludo e Alcides Caetano da Silva.

Recordei-me também que, àquela época (início /1958), o cientista de Xapuri partiu de Uberaba depois de desavenças, ainda não esclarecidas, com o então bispo Dom Alexandre Gonçalves do Amaral. No dia 31/10/1958 ele aqui voltava para se defender das acusações que sofreu. (Ver o livr Uberaba - Dois Séculos de História - de janeiro 1930 a dezembro 2007 de Guido Bilharinho, págs. 130 / 133). Eh... Uberaba perdeu, mas o mudo ganhou.

Adib, no dia 14/11/2014, vítima de um infarto do miocárdio, viajou para outros planos da Existência Universal. Reconheço que a sua dignidade aqui permanece para lhe conferir a perpetuação.

João Eurípedes Sabino