ARTICULISTAS

Aos idosos, mais uma vez

Já faz algum tempo, publiquei uma oração sob o título Senhor, que eu não seja um velho ranzinza

Padre Prata
Publicado em 16/11/2014 às 13:00Atualizado em 16/12/2022 às 03:47
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Já faz algum tempo, publiquei uma oração sob o título “Senhor, que eu não seja um velho ranzinza”.  Na última segunda-feira, enquanto fazia compras no “Guarato”, um casal de velhinhos (título carinhoso) me procura, me abraça, e diz: “Padre, ficamos muito felizes ao ler o que o senhor escreveu sobre nós, os idosos. Vamos pedir-lhe um favor, escreva mais um pouco sobre nós”.   

Seria muito bom se pudéssemos envelhecer sem sentir solidão. Seria bom se o idoso, mesmo depois dos setenta anos, tomasse consciência de que ainda pode ser uma companhia agradável. Todo idoso sente dor em algum lugar.  É uma arte superar essa tendência para se lamentar. Procure ser feliz. Sei que não é fácil. Ponha em sua cabeça que você com seus 60, 70 ou 80 anos ainda pode criar um clima de felicidade para você e para os outros. Por que sentir-se abandonado? Deixe de lamentar-se. Aceite os outros como são, principalmente os jovens. Eles “estão na deles”. Vivem o tempo deles. Não fique dizendo que “no meu tempo” era melhor. Seu tempo já passou. Não seja um estepe na vida dos outros. Quer umas sugestões? Faça ginástica, para isso procure um fisioterapeuta  e peça orientações. Procure ouvir música. Hoje, vá lá ao “Ailton Discos”, na rua Prudente de Morais, peça a ele que grave um pendrive com suas  músicas preferidas. Sei que você não gosta da música dos jovens. Grave aquelas das quais você gosta, valsas, modinhas, sambas e marchinhas.  Procure ler pelo menos o jornal do dia. O ideal é ler um bom livro. Leia Sagarana, você vai delirar com a estória do “Burrinho Pedrês”.  Leia poesias. Sobretudo tenha um bom livro de orações. Não sobre beatices, mas orações que abram sua mente e seu coração, que façam você refletir sobre sua missão no mundo, sobre seu compromisso para com o Projeto de Jesus de lutar para criar ao seu redor um reino de compreensão do sofrimento, do perdão aos que o ofendem, de aceitação do outro como o outro é, de criar ao seu redor um clima de paz. O que é importante, participe de um grupo de ajuda. Aprenda a usar o computador. Aprendi quando já tinha mais de oitenta anos. Ele te oferece músicas, informações, jogos, facilidade de convivência. É indispensável.

Desculpe, tomei consciência de que estou fazendo sermão. Me perdoe, querido velhinho, amada velhinha. Sou um velhinho feliz, muito feliz, sobretudo pela gratidão por aqueles que me toleram.

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