Muitos diante do título acima não o identificam de pronto, mas quem tem ascendência rural
Muitos diante do título acima não o identificam de pronto, mas quem tem ascendência rural se lembra logo das frases: “Eu tinha um companheiro por nome de Ferreirinha / Nóis lidava com boiada desde nóis dois rapaizinho”. Quem fez o poema? Adauto Ezequiel (Carreirinho). Quem se celebrizou ao interpretá-lo?: Tião Carreiro e Pardinho.
Segundo a música, tudo se deu quando dois companheiros foram buscar um boi brabo no Campo do Espraiadinho, situado a 28 quilômetros da cidade de Pardinho, rincão paulista onde está o berço da nossa música caipira. Chegando ao tal Campo cada amigo seguiu pra um lado e, passado um longo tempo, desapareceram: Ferreirinha, o seu potro redomão e o tal boi arribado. Depois de longa procura, o amigo encontrou Ferreirinha numa restinga deitado. Ele tinha caído do potro e pelo chão foi arrastado.
Escreveu o poeta: o amigo rolou de seu cavalo com tamanha rapidez, chamou o companheiro por duas ou três vezes e notou que ele estava morto pela sua palidez. Depois de muito pensar só uma solução foi possível: parou seu cavalo embaixo duma árvore, usou o laço para suspender Ferreirinha, colocou-o na garupa e com o cabo do cabresto amarrou em suas costas aquele corpo gelado. Com o coração partido o amigo chegou ao povoado em torno da meia-noite, deixou Ferreirinha na porta da igreja e foi chamar o delegado. O final da história todo mundo conhece. Hoje ela é reproduzida na forma de gravações, livros, encenações teatrais, filmes, etc.
A cidade de Pardinho (SP), sediou nos dias 7, 8 e 9 de novembro o 6º FESMURP (Festival da Música Raiz de Pardinho), que tive a honra de assistir. O Brasil inteiro estava presente e a dupla Rey Gaspar & Majestade, em show à parte, emplacou bem o nome de Uberaba. Tião Carreiro, que completaria 80 anos em 13 de dezembro, teve o seu nome materializado em requintado troféu.
Ali avaliei que Uberaba, além de ter ótimos talentos, possui muitos pontos em comum com aquela cidade. É que aqui é o berço do Zebu e não falamos no assunto sem nos lembrarmos do homem do campo, suas aventuras, causos e o seu amor pela música de raiz, a nossa moda de viola. Negar isso é renegar nossas próprias origens.
Teremos nos dias 4, 5 e 6 de dezembro o diferenciado Festival Viola Encena, engenhado pela produtora Viola de Nóis, capitaneada pelo mestre Tarcísio Manuvéi e Polyana Oliveira Faria. Espero que o Cine Municipal Vera Cruz seja pequeno para abrigar esse evento apoiado em bom momento pela Fundação Cultural.